Reservatórios em Uauá não têm condições de armazenar a água das chuvas

Abandono e descaso no Açude Rodeadouro

Grazzielli Brito – Ação Popular

 

No município de Uauá, Bahia, pode-se ver de perto a irresponsabilidade dos governos estadual e federal, onde açudes, barragens e barreiros foram flagrados como prova de que o sofrimento do sertenejo não é causado apenas pela seca, mas também é causado pela falta de responsabilidade e competência de seus governantes.

 

Pavimento sendo destruído

 

As chuvas que começam a cair trazem ao sertanejo a esperança de que seu sofrimento seja amenizado. A seca tem feito alguns municípios decretarem estado de emergência, pois falta água para o consumo humano, e também para os animais, causando prejuízo aos agricultores familiares. A sobrevivência desse povo devido essa adversidade natural, que é a seca, vem de reservatórios que acumulam a água, dessas poucas chuvas, que caem na região e os mantêm durante o longo tempo de estiagem.

 

Dejetos fecais no leito

 

Para tanto é preciso que os reservatórios – açudes e barragens – estejam prontos, limpos e capazes de receber essa água, tão preciosa. Mas, não é isso que se observa pelos reservatórios existentes da região. O descaso em relação ao problema do sertanejo vai além da paralisação das obras de transposição, são muitas as marcas de abandono por parte do poder público, a sujeira nos açudes e barragens é uma delas.

 

Equipamento da Embasa abandonado

 

No distrito de Caratacá, o açude que tem o mesmo nome, é a principal fonte de abastecimento de água da localidade. Devido às chuvas na cabeceira do Rio Caratacá as barragens encheram e em Uauá já está sangrando, deixando de armazenar uma quantidade maior devido a problemas estruturais no açude.

 

Maria Cecília

 

Segundo a moradora Maria Cecília Neves esse açude foi prejudicado pelas obras da estrada. “Ele já havia sido cavado pelo pessoal de uma olaria, depois com a pista feita a banca foi suspensa uns três metros, mas o sangradouro não. A barragem tá alta, mas não adianta porque o sangradouro ficou lá embaixo, no meu entendimento isso está errado. Com essa capacidade a água não dura nem um ano”, lamenta Cecília.

 

Devido a sujeira, parte da água está sendo desperdiçada

 

Ela também informa que a ultima limpeza do reservatório aconteceu há 10 anos. A falta de manutenção e limpeza desses açudes faz com que a água, tão esperada, chegue e não possa ser armazenada, mas exemplo de sujeira mesmo está no açude Rodeadouro, que abastece a cidade de Uauá.

 

Carlos Varjão

 

Quem mostra isso é Carlos Rogério Varjão, coordenador de meio ambiente da prefeitura. No açude Rodeadouro, a situação é lastimável, existem peixes e outros animais mortos, que causam o odor desagradável.

 

Resto de animais mortos no Açude Rodeadouro

 

“Esse açude foi limpo pela primeira e ultima vez em 88, no governo de Waldir Pires, tanto o Exército quanto a Embasa, utilizam a água nessas condições. Essa água, imprópria para consumo humano, totalmente contaminada e podre, é usada pra abastecer a sede do município através da Embasa e o Exercito para distribuir na zona rural com carros pipas”, revela Rogério.

 

Quadro dramático

 

Como providência o coordenador diz que a secretaria de meio ambiente está formulando ofício para a Codevasf em Juazeiro. “Essa limpeza tem acontecer com urgência porque estamos em período de chuva. Essa situação é a de outros reservatórios como a Barragem do Carro Quebrado, Barragem do Tigre e do Sitio Tomaz. Todas necessitam de limpeza, essas duas últimas já encheram”.

 

Moradores foram obrigados a aumentar a parede do ‘sangradouro’

 

Sobre essa situação a moradora de Caratacá demonstra sua revolta. “Eu nem sei como classificar nossos governantes. Porque a gente vota é porque quer o melhor, porque acredita e confia neles”.

 

Em outros açudes o quadro é desolador

 

A reportagem tentou contato com o superintendente da Codevasf em Juazeiro, Emanuel Lima e com o Secretaria Estadual de Agricultura e não conseguiu.

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