Ex-gestor de Uauá pode ser preso por crime de responsabilidade
Thalita Bezerra – Ação Popular
O Secretário de Infraestrutura, Transporte e Serviços Públicos, Moisés Ribeiro de Almeida do município de Uauá, sertão baiano, ficou assombrado quando adentrou as instalações da secretaria da prefeitura se deparando o quadro de vandalismo deixado pelo ex-gestor Jorge Lobo (PRTB). “Encontramos um verdadeiro caos no local, a baderna estava estampada em todos os lugares a exemplo do lixo espalhado por todos os lugares, sanitários podres e quebrados, sem computadores, folha de papel, cadeiras e mesas arrebentadas, veículos sem condições de funcionamento, telefone cortado por falta de pagamento, contas de água e luz atrasadas há meses, nem uma cadeira foi encontrada para sentar”, informa Moisés.
A irresponsabilidade da administração anterior foi tanta que apenas um veiculo pertencia a antiga FUNASA foi encontrado abandonado e sucateado nas instalações. “Este foi o único veículo encontrado no local, mesmo assim totalmente depenado. O local parecia servir de mais um ‘desmanche’ da frota de veículos enviados pelos governos Federal e Estadual. A bandalheira com a coisa pública foi impregnada durante os oito anos e o resultado é este que estamos sendo obrigados a apresentar para a sociedade”, lamenta.
Prisão
Para o assessor jurídico Pedro Peixinho, outro problema enfrentado pela atual administração é com relação a grande quantidade de lixo e pelos crimes de responsabilidade que foram praticados pelo ex-gestor. “São mais de 15 toneladas de lixo e entulho que estão sendo recolhidos todos os dias. A bagunça foi geral deixada pelo ex-prefeito relaxado que brincou durante dois mandatos com a saúde e o ‘bolso’ da prefeitura deixando os cofres sem um centavo e o município totalmente endividado e com nome sujo. O pior que ele ainda queria continuar com a mesma política por mais quatro anos tentando eleger o seu ‘companheiro de escada’. A bagaceira causada foi grande, para tentar contornar a situação à médio prazo é necessário a ajuda dos governos estadual, federal e da população. Assim que for concluída a auditoria iremos apresentar os dados aos ministérios públicos Estadual e Federal, a justiça para fazer com que ele preste conta e devolva o dinheiro que foi desviado da educação, saúde e do FPM. Com relação a possível prisão dos envolvidos, isso pode ocorrer devido ao crime de responsabilidade que foi detectado e apresentado pela imprensa”.
Pedro Peixinho
Ainda sobre o lixo o secretário diz que ainda tem muito o que recolher. “Antes, eram dois veículos, hoje fomos obrigados a colocar mais um e mesmo assim está complicado. Nunca vi um ex-prefeito para gostar de viver dentro do lixo e fedentina com nuvens de moscas assim”, desabafa. O secretário afirma ainda que a administração municipal está preocupada com o lixão, sendo que com as chuvas, o chorume pode ser arrastado para dentro do rio Vaza Barris colocando em risco a saúde de pessoas e animais a exemplo do que ocorreu ao longo dos oito anos do ex-gestor. “Já começamos a fazer o processo de remediação a exemplo do foi executado na cidade vizinha de Juazeiro. Com isso, já afastamos os animais, mas isso não é o suficiente, pretendemos cercar toda a área para evitar qualquer tipo de problema e junto a isso, conseguir recursos para que possamos construir o aterro sanitário”.
Com relação à rede de esgoto da cidade escorrendo a céu aberto, o secretário lamentou. “Todos nós sabemos que Uauá foi contemplada com verba do PAC 1 – a exemplo de todos os municípios do S. Francisco – para executar obras voltadas para o saneamento. Encontramos toda a rede quebrada, gambiarra na execução de pavimentação de ruas e avenidas com o piso afundando. Para completar existe ainda o famoso ‘esgotão’ da vergonha aberto e com a placa ‘quebrado’ levando riscos de acidente”. Para superar as dificuldades encontradas, Moises disse que a solução é se virar nos trinta. “Diante do quadro não conseguimos ainda chegar à zona rural. Enquanto isso, estamos trabalhando 24 horas enfrentando todo tipo de situação, inclusive colocando dinheiro do próprio bolso para que as coisas possam funcionar”.
Prefeitura com o nome sujo
Máquina com rodas arrancadas
O tempo é implacável! Muitas denuncias foram feitas ao Ministério Público, Tribunal de Contas dos Municípios e a Justiça que até o momento não surtiram efeitos sobre as irregularidades praticadas pelo ex-gestor. Por outro lado, o tempo não deu trégua punindo o Lobo e seus seguidores com a derrota nas urnas. Grande parte das vísceras do passado foi estampada pela imprensa.
“Eles cometeram muitas irregularidades, sendo que o próprio ex-prefeito, em determinados momentos, se achava a cima da própria justiça e cometia os delitos em plena luz do dia a exemplo de espancar pessoas simples e indefesas com a ajuda de sua jagunçada no meio da rua. Atordoados com o expurgo social, tentam ainda de qualquer forma, retornarem à prefeitura através de acusações sem fundamento perante a justiça”, avalia Pedro Peixinho.
A falta de credibilidade no comércio da região foi outro fato escabroso praticado pelo Lobo. “Eu não sei como ele conseguiu fazer tanta proeza brincando com o sentimento e confiança dos comerciantes quando aplicou um tremendo calote na região. Olímpio que é um homem sério, de palavra, que já passou antes pela prefeitura duas vezes e sempre honrou seus compromissos com o fio de bigode, e hoje encontra dificuldade no inicio do terceiro mandato porque o nome da prefeitura está sujo devido as malandragens praticadas pelo Lobo que comprou em nome da prefeitura e não pagou”, relata Peixinho.
Ambulância depenada
Ainda sobre o fato, o secretário Moisés vai mais além: “É doloroso agente tentar comprar no comércio e ouvir do proprietário que não vende porque o ex-prefeito comprou e não honrou com o compromisso. Ele deixou a prefeitura sem credibilidade no comercio da região a exemplo de Feira de Santana, Juazeiro, Petrolina, Euclides da Cunha, Canudos, aqui em Uauá, Salvador e muitos outros lugares. Hoje ninguém tem coragem de vender fiado para a prefeitura porque o ‘prego’ deixado por ele é muito alto. O mais grave é que ele não deixou nada ‘empenhado’ – ou em restos a pagar. Sendo assim, não existe a menor possibilidade de pagar porque o atual gestor pode ser penalizado pela justiça”, lamentou.
A situação ficou tão complicada que filhos do município passando constrangimento quando passam pelo comércio de outras cidades. “Infelizmente o povo é quem sofre as consequências passando vergonha. O desvario administrativo do ex-gestor foi tão pervertido que colocou o nome da cidade na lata do lixo. Mas vamos resgatar, porque este é mais um compromisso da administração Olímpio Cardoso”, ressalta Pedro Peixinho.
A reportagem tentou localizar o ex-gestor e não conseguiu.