O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a senadores da base aliada que a reunião mantida com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na segunda-feira (5), abordou a operação da Polícia Federal (PF) que teve como alvo aliados do presidente da Câmara e eventuais mudanças no comando de ministérios, visando assegurar uma base sólida no Congresso Nacional.

De acordo com a Folha de S. Paulo, Lula teria dito a Lira que o governo não pode ser responsabilizado pela operação realizada pela PF, na quinta-feira (1), contra fraudes em licitações de compras de kits de robótica com recursos federais.

Em abril do ano passado, o governo Jair Bolsonaro (PL) destinou R$ 26 milhões de recursos do MEC para a compra de kits de robótica por pequenas cidades de Alagoas. As cidades que adquiriram os kits têm problemas básicos de infraestrutura, como faltas de salas de aula, de internet e até de água encanada. Além disso, cada kit foi adquirido pelas prefeituras por R$ 14 mil, valor muito superior ao praticado no mercado e ao de produtos de ponta de nível internacional. As investigações chegaram a Luciano Cavalcante, assessor mais próximo de Lira e que trabalhava na liderança do PP na Câmara.

Ainda conforme a reportagem, Lula também teria dito a Lira – que vem cobrando mais espaço no governo – que avalia fazer ao menos duas trocas pontuais em ministérios que hoje estão em poder do União Brasil.

“No Palácio do Planalto, a expectativa é que Daniela Carneiro (Turismo), que pediu desfiliação da União Brasil, seja substituída por outro nome do partido. Isso porque o Republicanos, partido para o qual Daniela deve migrar, já avisou a articuladores políticos que não pretende apadrinhá-la na pasta. A situação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), também é considerada delicada”, destaca um trecho da reportagem.

Nesta linha, deputados já deram início às articulações visando indicar Celso Sabino (União Brasil-PA) para ocupar uma das pastas. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), já teria avalizado a possível indicação de Sabino.

Também existe a expectativa que o PP, partido de Lira, seja contemplado com mais cargos no segundo e terceiro escalões ou até mesmo com um  ministério. Um dos ministérios pleiteados pela legenda é a pasta da Saúde.

O Republicanos é outra sigla da base que pede maior espaço no governo. A legenda quer que  o governo apoie o presidente do partido, Marcos Pereira, para presidir a Câmara em 2025,  em troca do apoio da bancada do partido na Casa.