A educação deve ser tratada como um projeto de nação. Faço questão de começar este artigo com uma afirmação que pode parecer utópica, mas que revela uma crença baseada em experiências muito próximas a mim, as quais reforçam que a valorização efetiva da educação é o caminho para um futuro mais justo e com igualdade de oportunidades para todos.
Apesar de um cenário ainda muito desigual no que se refere à educação brasileira, podemos listar inúmeras soluções exitosas, advindas de esforços conjuntos dos setores público, privado e da sociedade civil. E aquelas das quais posso falar com certa propriedade, faço questão de destacar na esperança de que contribuam na orientação de políticas públicas e sejam expandidas para outros territórios, ampliando assim seu alcance e benefícios.
No Baixo Sul da Bahia, um modelo de educação contextualizada à realidade rural já mudou a vida de mais de 2.300 filhos e filhas de agricultores familiares. Apoiadas pela Fundação Norberto Odebrecht a partir de um Programa Social com impactos comprovados, as Casas Familiares Rurais são escolas de ensino médio integrado ao técnico que funcionam sob a Pedagogia da Alternância. Trata-se de uma metodologia que foge do convencional: os estudantes passam uma semana na escola, com aulas práticas e teóricas, e duas semanas em suas propriedades, onde aplicam conhecimentos diretamente em seus cultivos, junto a família.
Nesse cenário, o jovem se torna protagonista, passa a ter mais orgulho da origem e compartilha saberes com a comunidade, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento e emancipação, diminuindo consideravelmente o êxodo rural. Só no ano passado, 71% de jovens egressos permaneceram no campo em atividades agrícolas. Anualmente tenho a oportunidade de visitar essas escolas como integrante do Grupo Novonor e o impacto é realmente surpreendente e emocionante. Retorno crente na potência do ser humano.
Igualmente impactante é a utilização da engenharia à serviço da educação. Desde 2013, a baiana-global OEC tem a satisfação de servir construindo unidades educacionais que são fruto de uma Parceria Público-Privada (PPP) em Belo Horizonte (MG), atendendo ao desafio de entregar estruturas públicas de qualidade e em prazo recorde. A solução está em um método construtivo que substitui as antigas bases de concreto armado por estruturas de aço leve, em uma obra que pode reduzir em até 20 meses construções em modelos tradicionais, barateando e otimizando seus custos de manutenção. Já foram 51 escolas construídas pela OEC a partir dessa união. Um exemplo prático de como o poder público pode viabilizar projetos de interesse social ao tempo em que administra a escassez orçamentária. Uma PPP completa, da construção à operação, com enorme potencial para ser replicada em outras cidades. Estado concentrado no cerne pedagógico e iniciativa privada no padrão superior de infraestrutura e serviços.
Diante de tais experiências, deixo plantada a semente de que a educação urge ser tratada como um projeto de nação, pois não há desenvolvimento sem conhecimento, inovação e cooperação. É assim que construiremos bases sólidas para que nosso povo tenha o futuro que tanto almejamos.
*Marcelo Gentil é membro do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia e integrante do Grupo Novonor.