A iniciativa privada atende os locais recusados pelos Correios. Por Charbel Maorun

Foto: Chico Porto/Acervo JC Imagem
Foto: Chico Porto/Acervo JC Imagem

Por Charbel Maorun, do Novo no Recife

Com a notícia de que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está na lista de estatais a serem privatizadas, uma preocupação genuína correu a mente de muitos: empresas privadas entregariam cartas em locais distantes e de difícil acesso?

A preocupação pode ser genuína, mas parte de uma premissa falsa. Não, não é verdade que os Correios brasileiro entreguem cartas e encomendas em qualquer lugar do país.

A afirmação é da própria estatal. A Portaria 4.474 de 31/08/2018, que regula os serviços da companhia, é cristalina: o carteiro só visitará distritos com população superior a 500 habitantes, nos outros casos o cidadão deve se deslocar até a agência mais próxima – e isso pode significar muitos quilômetros de distância. Diversas áreas rurais, por exemplo, não são atendidas.

A figura do carteiro que sai da agência dos Correios, sobe em um barco, e entrega uma única carta a uma única família ribeirinha instalada na foz do Rio Amazonas é simplesmente mentirosa.

Na verdade, em qualquer grande metrópole já existem áreas que os Correios se recusam a entrar. São as chamadas “áreas com restrição de entrega”.

Quase invariavelmente, as áreas com restrição de entrega estão localizadas nos bairros periféricos. A verdade é que quem está na pobreza é quem mais sofreria com a falta de serviços da estatal, se a iniciativa privada já não estivesse resolvendo este problema.

Na favela da Rocinha, por exemplo, os empreendedores do “Grupo Carteiro Amigo”, que também moram na comunidade, cobram R$ 18 por mês e atendem 4 mil famílias que tiveram atendimento negado pela estatal.

Em Cidade Tiradentes, um dos bairros mais pobres de São Paulo, é o comércio local que faz às vezes de caixa postal. Sem cobrar um centavo, a proprietária da “Mercearia Pais & Filhos” voluntariamente recebe e entrega as encomendas aos moradores próximos.

Diferente dos Correios, estas pessoas não têm um monopólio, não tem isenção de impostos (você sabia que agências da ECT não pagam nem IPTU?) e não contam com a mão amiga do governo quando dão prejuízo. Ainda assim, diariamente, fazem um serviço que a estatal privilegiada não faz. Já está na hora de privatizar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *