Anomalia Psíquica! (Isento de pena)

Na chacina da família de policiais militares em São Paulo, o filho Marcelo Bovo Pesseghini, de apenas 13 anos, é o principal suspeito: (As provas circunstanciais são robustas).

Na Idade Média, reflexo de um período de trevas, creditava-se esse tipo de crime ao Demônio que supostamente entrava e dominava a mente do delinquente. Além de errônea, essa descabida interpretação já tinha sido derrubada não somente por Hipócrates de Quios (460 a.C/370 a.C), frequentemente considerado “pai da Medicina”, como também por Célio Aureliano (Séc. V), médico romano e autor de vários tratados sobre psiquiatria na visão médica.

A personalidade com alta propensão ao crime sempre preocupou autores de tratados sociológicos, psiquiátricos e antropológicos, a exemplo do psiquiatra francês, Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772-1840) que, em sua obra, já dissertava sobre a “monomania homicida” caracterizada pela presença de ideia fixa que, embora não fosse dirigida para o mal em alguns, o era para outras mentes doentias, designando a partir o que viria a ser “loucura moral”.

Por outro lado, não se deve desprezar o determinismo biológico suscitado pelo italiano Cesare Lombroso (1835-1909), estudioso da antropologia criminal e bastante conhecido por suas teorias sobre o “delinquente nato”, ou seja, àquela ideia de que as características físicas, fisiológicas e mentais dos indivíduos demonstravam se a pessoa era predisposta ao crime ou não.

No caso da execução da família dos policiais militares, fato é que Marcelinho era portador de “fibrose cística”, consistente de formação de cistos no interior do pâncreas que acarreta infecção nos pulmões. Sua personalidade criminosa assemelha-se, em alguns aspectos, a do pai e da madrasta da menina Isabella Nardoni, jogada do edifício onde a família morava, corroborando nesse caso a ideia de “loucura moral”, na qual o criminoso aparenta ilibada conduta moral, ética, religiosa, e, também, se mostra dócil, calmo, embora se manifeste nele forte tendência a delinquir, porém é possuidor de uma mente bastante astuciosa para não  ser descoberto. Em caso de eventual condenação, essa melhor se daria em estabelecimento psiquiátrico.

Outro exemplo de “loucura moral” é o crime de Ronald True, réu  confesso de haver assassinado na noite de 05 para 06 de março de 1992, na Inglaterra, a jovem Gertrudes Yates, pseudônimo  Olive Young, no Homnersdmith Palace de Varétés. Detido na mesma noite, foi condenado à morte dois meses após o crime. Houve revisão do processo e True foi declarado    “louco moral” , tendo sido recolhido no estabelecimento psiquiátrico de Broadmoor. Durante uma vistoria em sua casa, ele nunca perdeu a serenidade, trajando-se impecavelmente e achando tudo normal a que assistia.

Caso haja maior interesse sobre o tema da “loucura moral”, sugiro dar uma lida em minha obra “Minhas Percepções – Coletânea de Crônicas”, pág. 410, podendo encontrar a modesta obra literária nas principais livrarias de Juazeiro.

Geraldo Dias de Andrade é Cel. PM/RR – Bel. em Direito – Membro da Academia Juazeirense de Letras – Escritor – Cronista – Membro da ABI/Seccional Norte.

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