Em 9 de agosto de 1969, a atriz Sharon Tate, aos 26 anos, grávida do aclamado diretor cinematográfico Roman Polanski, realizador de O Bebê de Rosemary e Chinatown, é encontrada morta junto com outras quatro pessoas, em sua residência de Los Angeles.

O horripilante crime, em que os assassinos garatujaram mensagens nas paredes com o sangue de suas vítimas, levou toda a Hollywood a um estado de pânico. O criminoso profissional e chefe de seita Charles Manson e seus seguidores, que viviam juntos no subúrbio de Los Angeles numa comunidade onde a droga corria solta e as orgias eram comuns, foi mais tarde condenado pelas mortes.

Sharon Marie Tate nasceu em 24 de janeiro de 1943 em Dallas, Texas. Mudou-se para Los Angeles no começo do anos 1960 para tentar a carreira artística no cinema, finalmente aparecendo em filmes como O Olho do Diabo (1966); A Dança dos Vampiros (1967), dirigido por Roman Polanski; O Vale das Bonecas (1967) pelo qual recebeu a indicação para o Globo de Ouro; Arma Secreta contra Matt Helm (1969) e 12+1 (1969).

Tate e Polanski casaram-se em janeiro de 1968. O diretor estava fora da cidade na noite de 8 de agosto de 1969. Sharon estava a quinze dias de dar à luz. Almoçou em casa com duas amigas e contou a elas estar triste por Roman ainda não estar a seu lado, tendo adiado por alguns dias o retorno de Londres. Suas irmãs, Debra e Patti, queriam passar a noite com ela, o que Sharon negou. Foi com alguns amigos jantar no restaurante El Coyote e retornaram à casa cerca de 22h30. Com ela estavam Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowski. Na casa também estavam o caseiro William Garretson e seu amigo, o estudante de 18 anos, Steven Parent.

Nos primeiros minutos da madrugada do dia 9, a mando de Charles Manson, um grupo de seus seguidores, todos eles jovens entre 20 e 23 anos, invadiu a casa de Cielo Drive e massacrou seus moradores. Parent foi morto a tiros quando saía da da casa e deu de frente com o grupo que entrava. Tate, Sebring, Folger e Frykowski assassinados a tiros e facadas na sala da residência e nos jardins. Sharon Tate foi assassinada com 16 facadas, várias delas na barriga em que carregava o filho.

Na noite seguinte, o mesmo grupo, acrescido de Steve Grogan e Leslie Van Houten, cometeria outro bárbaro assassinato nos mesmos moldes, em outro local da cidade, matando o casal Leno e Rosemary LaBianca.

Depois de semanas de investigação, os membros da Família Manson foram todos localizados, presos, processados e condenados à morte em 1971, após um dos julgamentos mais emblemáticos da história criminal dos Estados Unidos. Durante os meses que se seguiram, sem a descoberta dos culpados e mesmo depois da identificação deles, todo o condado de Los Angeles entrou em pânico pela revelação de que os assassinatos tinham sido aleatórios. Pessoas famosas e ricas acreditavam que poderiam ser as próximas e abandonaram a cidade. Outros contratavam guarda-costas e instalavam sofisticados sistemas de alarme. O ator Christopher Jones, astro de A Filha de Ryan, devastado com a morte brutal de Tate, teve um bloqueio psicológico e abandonou a carreira de ator durante as filmagens, precisando ser dublado na versão final do filme pelo diretor David Lean.

Sharon Tate foi enterrada em 13 de agosto de 1969 no Holy Cross Cemetery em Culver City, com o filho natimorto Paul Richard Polanski — assim batizado postumamente pelos pais de Roman e Sharon. Anos depois, a mãe Doris e a irmã mais nova Patti seriam enterradas no mesmo local.

Charles Manson, o mentor intelectual das chacinas, Tex Watson, Patricia Krenwinkel, Susan Atkins e Leslie Van Houlen, todos condenados à morte, tiveram suas penas comutadas para prisão perpétua quando as leis da Califórnia foram mudadas em 1972. Linda Kasabian, que participou dos ataques mas não matou ninguém, recebeu imunidade e atuou como testemunha de acusação contra os ex-companheiros durante os julgamentos, sendo, como testemunha ocular, a principal peça para a condenação de todos. O promotor Vincent Bugliosi, escreveu em 1974 o livro Helter Skelter, contando em detalhes o Caso Tate-LaBianca, um best-seller nos Estado Unidos com mais de 7 milhões de exemplares vendidos.

À exceção de Susan Atkins que morreu na prisão em 2009, todos os outros assassinos continuam a cumprir suas penas em prisões da Califórnia, tendo sido negados através dos anos todos seus pedidos de liberdade condicional.

Em 1977, Polanski envolveu-se num escândalo sexual após ter sido acusado de estuprar uma menina de 13 anos. Fugiu dos Estados Unidos a fim de evitar uma pesada condenação. O diretor continuou a realizar filmes, mas não retornou aos Estados Unidos. Em 2002 foi galardoado in absentia com o Oscar de Melhor Diretor pelo comovedor filme sobre a era do Holocausto, O Pianista.