Censo mostra redução no número de matrículas no ensino médio

Ao mesmo tempo que aumenta o número de crianças em creches e na pré-escola, cai a reprovação no ensino fundamental

O Censo da Educação Básica, divulgado nesta terça-feira, 25, pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que o País ainda não conseguiu avançar na barreira em que se transformou o ensino médio. Enquanto a queda constante no número de alunos do fundamental é causada por bons motivos – maior aprovação e um fluxo mais regular – esses mesmos estudantes que terminam o 9.º ano não chegam ao ensino médio e o número de matrículas nessa etapa caiu. Nos níveis iniciais de educação o País pode comemorar. Ao mesmo tempo que aumenta o número de crianças em creches e na pré-escola, cai a reprovação no ensino fundamental. A diminuição dos alunos do ensino fundamental é constante desde 2007.

De lá para cá, as matrículas são menos 2 milhões de alunos, com uma evasão de apenas 2,7% em 2012, a metade da registrada em 2007. “É considerada uma queda boa porque temos, de um lado, um movimento demográfico (menor número de nascimentos) e, ao mesmo tempo, um melhor desempenho do aluno e uma menor retenção no sistema”, explicou o ministro da Educação, Henrique Paim. O movimento desses alunos, no entanto, deveria ter levado a um crescimento de matrículas no ensino médio, o que não aconteceu. “O ensino médio é um problema histórico, mas que está mudando. As taxas de aprovação, principalmente no primeiro ano, estão em torno de 70%. Esse é o gargalo”, afirmou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares.

Os dados de evasão e repetência de 2013 só ficarão prontos no meio deste ano. Entre 2012 e 2013, no entanto, 1,6 milhão de crianças e adolescentes abandonaram a escola. Nas escolas públicas de ensino médio, 10,4% dos alunos matriculados no início do ano letivo de 2012 deixaram a sala de aula antes do fim do ano. “O ensino médio é o maior desafio que o País tem. Estamos trabalhando com formação de professores, melhoria no atendimento, mais perspectivas, é um processo”, disse o ministro da Educação. No Brasil, cerca de 1,5 milhões de jovens de 15 a 17 anos deveriam estar no ensino médio, mas estão fora da escola. Em 2012, a taxa de matrícula da etapa era de 54,4%.

O atraso escolar é uma das razões para o abandono. Ainda hoje, cerca de 40% dos alunos do ensino médio tem mais de 17 anos, faixa em que deveriam estar na universidade. A defasagem etária faz com que parte dos estudantes deixe a escola regular, mas nem todos simplesmente abandonam os estudos. Muitos seguem para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e outros ainda optam pelo educação profissional, que teve um dos maiores crescimentos: quase 6% em apenas um ano. Hoje, 1,4 milhão de pessoas estão matriculadas em um curso profissionalizante, seja em nível básico, médio concomitante à escola, ou subsequente. Integral. Uma das boas notícias do Censo 2013 é o crescimento do número de alunos do ensino fundamental matriculados em escolas de tempo integral – com mínimo de sete horas de atendimento. Desde 2010, o aumento foi de 139%, chegando a 3,1 milhões de alunos. O número ainda representa apenas 10,9% dos estudantes do ensino fundamental.

O ministro garante que a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), de atender 25% dos alunos na modalidade, é factível. A meta do PNE inclui o ensino médio e o MEC não informou a taxa de adesão ao modelo nessa etapa em 2013. Apesar do avanço, os índices de cada Estado é diferente. Em Alagoas, apenas 0,36% das matrículas do ensino fundamental são de tempo integral – contra 26% do que acontece em Tocantins. “O tempo integral é fundamental na nossa priorização dos recursos”, disse a secretaria estadual de Educação de Tocantins, Adriana Aguiar. Tocantins tem modelo estadual e apoio de programas federais de ampliação de horário.

No Estado de São Paulo, dois modelos da secretaria estadual atendem 115 mil alunos. Na escola de Ensino Médio Alexandre Von Humboldt, zona oeste da capital, o modelo implementado em 2011 articula o currículo tradicional, disciplinas eletivas e grupos de estudos temáticos. “É cansativo, mas é muito prazeroso. Sinto que estamos aprendendo algo útil”, diz a aluna Mylena Souza, de 16 anos. Contando as redes particular e pública, São Paulo tem o maior número de alunos em tempo integral no ensino fundamental. No entanto, como concentra o maior número de alunos, os 339 mil estudantes representam apenas 6,02%, a segunda pior marca do País, abaixo da média nacional.

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