Com crise da Avianca, preço de passagens aéreas dispara

Cancelamento de 16 voos da Avianca provocou efeito cascata, com a alta da demanda por bilhetes de outras companhias

O Procon-PE realizou uma operação especial para orientar os consumidores por conta do cancelamento de voos da Avianca / Foto: Bianca Sousa/JC Imagem

O Procon-PE realizou uma operação especial para orientar os consumidores por conta do cancelamento de voos da Avianca

Quem precisou embarcar em um voo da Avianca partindo do Aeroporto Internacional do Recife viveu nessa sexta-feira (26) mais um dia de aflição. A companhia aérea, que passa por recuperação judicial, cancelou 16 viagens a partir do Recife. A ação fez o preço das passagens aéreas ainda disponíveis em outras companhias disparar, o que motivou uma fiscalização especial do Procon nos guichês do terminal.

Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de passageiros se aglomeravam no balcão da Avianca à espera de uma definição para seus trajetos. “Vim com meus pais de Salvador na quinta-feira, mas como o voo da Avianca para Recife havia sido cancelado, aceitamos descer em Maceió”, relatou o funcionário público Luiz Bittencourt. Ele conta que precisou alugar um carro por conta própria para completar os 250 km restantes entre a capital alagoana e o Recife. “Gastamos quase R$ 900 com o aluguel do carro e o combustível, e agora estamos aqui, sem saber se conseguiremos voltar para Salvador ainda hoje (ontem)”, diz Luiz. O voo dele era um dos que haviam sido cancelados pela Avianca.

Já o comerciante Dionísio Mendes diz que foi avisado apenas no dia anterior de que seu retorno para Brasília havia sido cancelado pela Avianca. Na tarde de ontem ele tentou comprar duas passagens de volta em outra companhia aérea. Foi quando teve a surpresa. “Disseram que eu teria de pagar R$ 4.200 por duas passagens Recife-Brasília, quando o normal seria R$ 1.350”, disse, indignado. Assim como outros passageiros, ele preferiu a angústia de esperar ser realocado pela Avianca em outra empresa, embora sem previsão de quando isso iria acontecer.

As operadoras de turismo estão tendo trabalho em dobro para refazer as viagens que dependiam de voos cancelados da Avianca. Os clientes estão sendo obrigados a bancar custos bem acima do esperado. “Com o preço atual de uma passagem Recife-São Paulo dá para ir em Miami e voltar”, diz Sylvia Wolfenson, da SW Turismo. Ela explica que comprou esta semana uma passagem aérea para um cliente que precisava viajar para a capital paulista. O preço, ida e volta, ficou em R$ 3.598, quando o valor normal seria de R$ 800, diz Sylvia. Além disso, passageiros que estão no exterior e já haviam comprado passagens com conexões da Avianca no Brasil também estão encontrando dificuldades para remarcar os voos. “Temos um cliente que está no Canadá e teve o voo da conexão São Paulo-Recife cancelado. Agora, temos que negociar com a Air Canadá a recolocação em outro voo no Brasil, o que não é fácil”, diz Sylvia.

FISCALIZAÇÃO

O Procon-PE realizou ontem uma operação especial para orientar os consumidores por conta do cancelamento de voos da Avianca. O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, acompanhado de fiscais do Procon, notificou as companhias Gol, Latam e Azul para que informassem os números de assentos disponíveis para São Paulo, Petrolina, Salvador e Brasília (destinos cancelados pela Avianca). “A nossa intenção não é punir nenhuma operadora. O que queremos é garantir que os consumidores tenham seus direitos respeitados”, disse o secretário. Com a atuação do órgão, mais de 50 pessoas, de nove voos distintos, conseguiram ser realocadas em outras companhias.

Atendendo a denúncia de um passageiro, o Procon notificou a empresa Latam para que justifique o aumento do preço em mais de 800% em passagens com destino a Petrolina. “Todas as companhias aéreas foram notificadas para que em 24 horas apresentem a planilha de preços médios praticados nas últimas semanas, para que possamos identificar se está havendo ou não abuso na precificação das passagens”, informou Mariana Pontual, secretária executiva da Justiça.

A Avianca também foi notificada por não atender à resolução nº 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que prevê a oferta de comunicação, alimentação e hospedagem aos passageiros com voos atrasados. O consumidor que se sentir lesado pode procurar o posto do Procon-PE, no primeiro andar do Aeroporto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, ou pelo telefone 0800 282 1512.

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