Debates e efeitos das fugas

Opinião

Com o prazo final das convenções partidárias marcado para a próxima segunda-feira, as eleições municipais vão, naturalmente, entrar numa nova fase para os candidatos a prefeito e vereadores. A grande expectativa passa a ser a realização dos debates no rádio e na TV, especialmente para os postulantes majoritários. Será que todos vão aceitar participar?

Não é incomum que candidatos decidam não participar de algum debate. Essa decisão, geralmente, é estratégica. Normalmente, quem ocupa as primeiras posições nas intenções de votos nas pesquisas de opinião pública tende a recusar convites de presença em debates no primeiro turno.

Evitam se expor para não sofrer cobranças dos oponentes, preservando suas imagens junto ao eleitorado. Entretanto, essa é uma estratégia um tanto controversa, até porque dá a impressão de que o candidato está fugindo da disputa, ou, pior, não se mostra preparado, achando que que pode provocar vexames, refletindo nas pesquisas eleitorais.

Sendo assim, as atenções maiores de debates estarão voltadas para quatro cidades da Região Metropolitana: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. No interior, Caruaru e Petrolina, municípios com mais de 200 mil eleitores. No Recife, o prefeito João Campos (PSB), hoje com 75% das intenções de voto, em nenhum momento deve ir a debates no primeiro turno.

Na capital, a não ser que ocorra uma hecatombe até lá, o cenário hoje é de decisão logo no primeiro turno. Já em Jaboatão, Mano Medeiros também tende a ir a debates somente no segundo turno, para não virar alvo de bombardeio por parte de muitos adversários, raciocínio que não se aplica a Mirella Almeida (PSD). Embora seja candidata da situação, apoiada pelo prefeito Lupércio, não há pesquisas que apontem Mirella numa situação privilegiada em Olinda.

Em Caruaru, o prefeito Rodrigo Pinheiro vai para reeleição enfrentando pelo menos quatro candidatos no primeiro turno e não se sabe qual a orientação ainda da sua assessoria em relação aos debates, que Zé Queiroz, seu principal adversário, já se antecipou, informando que vai a todos.

Candidato à reeleição, o prefeito de Petrolina, Simão Durando (UB), também não deve ir aos debates no primeiro turno, se valendo da mesma estratégia. Fugir de debates tira votos? A história das últimas eleições em Pernambuco mostra que sim, porque Marília Arraes, então candidata a governadora, que estava à frente das pesquisas, evitou os confrontos, se desidratou e perdeu a batalha no segundo turno.

Um caso histórico – Nas eleições para governador em 1990, o ex-governador Joaquim Francisco, então num cenário de voo de brigadeiro, despencou nas pesquisas depois que Jarbas Vasconcelos, seu principal adversário, usou um recurso infalível: a imagem da cadeira de Joaquim vazia. Numa reação inusitada, Joaquim fez um desafio a Jarbas para um debate olho no olho no horário do guia eleitoral, cada um cedendo o seu tempo na TV. Jarbas topou, Joaquim se saiu melhor no debate e ganhou a eleição no primeiro turno.

Por: Magno Martins

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