A denúncia foi encaminhada pelo coletivo Antra (Articulação Nacional dos Transgêneros) e pelo ator José de Abreu, de 78 anos, pai de uma mulher trans de 23 anos, que declarou à CARAS Brasil: “Tenho esperança.”
Em outubro de 2022, durante uma entrevista, Cássia, na época interpretando a vilã Cidália na novela “Travessia” da TV Globo, criticou relações homoafetivas, afirmando que elas estariam “destruindo a família”. Ela expressou preocupações sobre o que chamou de “ideologia de gênero” nas escolas e questionou: “Como a gente vai fazer?”, referindo-se à impossibilidade de procriação em casais do mesmo sexo.
José de Abreu destacou a gravidade das falas, mencionando que o Brasil tem um dos maiores índices de violência contra pessoas trans. “Uma pessoa pública, protagonista de uma novela das nove, fazer um discurso homofóbico e transfóbico, pode incentivar agressões”, afirmou. O ator compartilhou o alívio que sente em ver sua filha residindo nos Estados Unidos, longe das ameaças que, segundo ele, são mais comuns no Brasil.
Ele criticou a postura da atriz, observando que, enquanto o meio artístico é amplamente representado por pessoas LGBTQIA+. “A gente é cercado por gays, lésbicas, trans no nosso trabalho. E, por outro lado, ela demonstra uma ignorância muito grande nos novos estudos sobre sexualidade. Ela ainda continua com aquele pensamento binário do século 18, que homem usa azul e mulher usa rosa”, comentou o ator.
O processo contra Cássia Kiss, segundo o colunista Gabriel Vaquer, da Folha de S. Paulo, incluiu três sugestões de ação civil pública em 2022, todas encaminhadas ao MPF. Agora, uma dessas ações foi acatada pela Justiça Federal, com o juiz Mauro Luis Rocha Lopes designado para o caso. A atriz poderá enfrentar uma multa de até R$ 1 milhão. Além disso, o Grupo Arco-Íris, uma ONG de defesa dos direitos LGBTQIA+, moveu outra ação solicitando uma indenização de R$ 250 mil para iniciativas de combate à LGBTfobia no meio cultural.