Em conversa com apoiadores na noite desta segunda-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro “jogou a toalha” com relação ao voto impresso. Isso porque o mandatário admitiu que a proposta deve sofrer derrota na Câmara dos Deputados.
“Eu não acredito mais que passe na Câmara o voto impresso, tá? A gente faz o possível. Vamos ver como é que fica aí”, declarou o chefe do Executivo.
Mais cedo, também em conversa com apoiadores, Bolsonaro havia sinalizado que pode não ser candidato à reeleição caso o próximo pleito não conte com o voto impresso.
“Olha, eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar eleição… Agora, participar dessa eleição com essa urna eletrônica…”, disse, em tom misterioso.
Desespero
Desesperado com a popularidade do ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a presidência das eleições de 2022, Bolsonaro intensificou, nas últimas semanas, sua defesa do voto impresso.
A narrativa do presidente é que as urnas eletrônicas, sistema pelo qual ele mesmo se elegeu como deputado e presidente, são passíveis de fraude. A ideia é, caso perca a próxima eleição, alegue que o pleito foi fraudado por não contar com voto impresso.
No último dia 9, Barroso divulgou nota rechaçando as declarações infundadas de Bolsonaro sobre fraude nas eleições.
“A realização das eleições é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”, diz o ministro.
No dia anterior, Bolsonaro havia clamado novamente pela implantação do voto impresso e ameaçou a realização do próximo pleito. “Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, disparou.
Voto impresso na Câmara
Para evitar uma derrota, o presidente da comissão do voto impresso, deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-SP), decidiu encerrar subitamente a sessão realizada na última sexta-feira (16). A comissão da Câmara iria apreciar o relatório do deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR) sobre a PEC 135/19.
A decisão unilateral foi alvo de muitas críticas. Parlamentares de oposição, como Orlando Silva (PCdoB-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), então, classificaram a manobra como “molecagem”.