Escritora diz por quais motivos votará em Haddad: “Me sentirei menos só”

Na gravação, ela lembra do irmão, que foi morto com um tiro na cabeça

Foto: Reprodução

A escritora e editora Anita Deak publicou um vídeo, em suas redes sociais na quinta-feira (25), no qual fala um pouco sobre as eleições deste domingo (28) e por quais motivos irá votar em Fernando Haddad (PT) e não em Jair Bolsonaro (PSL). No vídeo, ela diz que domingo irá às urnas, mas que não irá só. “Votarei 13 e me sentirei menos só”, diz Anita, que é autora do livro “Mate-me quando quiser”.

Em bonito desabafo, ela diz que levará Edimara com ela, uma menina que ela conheceu quando dava aulas na favela do Sapo, em Senador Camará, no Rio de Janeiro. “Edimara vivia com os pais e dois irmãos adolescentes. Os traficantes da comunidade esconderam armas no teto do barraco da família de Edimara. Como falar não para quem pode te apontar uma arma? Falaram sim”, disse ela.

Segundo a escritora, nesse dia, a polícia apareceu enquanto a jovem estava na aula. “Sua família foi trancada em casa, não sem que antes um policial ateasse fogo. Morreram queimados. Edimara tinha 17 anos. Seus pais não eram bandidos, apesar de terem escondido armas. Sua mãe era faxineira de motel e o pai, pedreiro. Quando a polícia tem carta branca para matar é isso que acontece. Na lógica do ‘bandido bom, bandido morto’ quantas Edimaras ficarão no fogo cruzado?”, questionou Anita.

De acordo com ela, também levará com ela sua mãe, que irá votar em Bolsonaro. “Ela não estudou profundamente História para saber que na ditadura militar houve desordem e corrupção. Ela quer ordem, moralidade, limpeza, como se esses conceitos pudessem acontecer num passe de mágica, de cima para baixo”, disse a escritora.

Segundo ela, não adiantou mostrar para ela o Caixa 2 do candidato, a quantidade de políticos ficha suja que o partido dele tem e também não adiantou argumentar que ele teve uma trajetória política irrisória em 27 anos de carreira. “Falar do nepotismo que praticou, mostrar que não está disposto a debater, que não aceita o estado laico. As várias frases preconceituosas a respeito de mulheres, negros e gays não parecem tocá-la”, afirmou.

De acordo com Anita, talvez seja mais fácil manter-se à parte quando se é um privilegiado dentro do sistema. “Ainda assim, foi ela que me deu acesso a toda educação que tenho, a todos os livros que li. As fake news reforçaram a utopia em que ela quer acreditar: que precisamos de um pai que bata e puna, quando precisamos mesmo é crescer”, disse.

Além disso, Anita diz que levará pelas suas mãos a diarista que trabalha em sua casa e que tem o sonho de ser médica e seu irmão, que morreu com um tiro na cabeça em 2010. “Sinto imensa falta dele, que deixou um filho de 3 anos e uma esposa grávida. Não quero que ninguém passe pelo que passei e tenho certeza de que a liberação do porte de armas para ‘cidadãos de bem’ fará com que tragédias semelhantes ocorram. Não somos só cidadãos de bem ou cidadãos do mal. Somos seres imperfeitos, bons e maus em tantas circunstâncias”, afirmou.

“Domingo vou às urnas. Levarei comigo os índios e sua Amazônia ameaçada, os gays, os trans, os negros, todas as vertentes religiosas que devem ser respeitas, a democracia, o pensamento livre, a tolerância e o amor. Serei Haddad por todos eles”, finalizou Anita.

Veja o vídeo:

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