Esperança de água e um golpe na Caatinga
Bioma terá ao todo 101,15 hectares suprimidos para a construção de barragem no Agreste do Estado
Por: Priscilla Costa
A instalação da Barragem São Bento do Unambora deve contribuir para a regularização do abastecimento para mais de 80 mil pessoas nos municípios de São Bento do Una e Capoeiras, no Agreste pernambucano. Isso exigirá a supressão de 101,15 hectares de Caatinga. Para se ter ideia da proporção, o quantitativo é equivalente a mais de cem campos de futebol.
Na prática, suprimir esse ecossistema contribui para o assoreamento, a desproteção do solo, a perda da manutenção do volume hídrico e o avanço das frentes de desertificação. “As APPs se destinam a proteger solos e, principalmente, as matas ciliares. Esse tipo de vegetação cumpre a função de proteger os rios e reservatórios de assoreamentos, evitar transformações negativas nos leitos, garantir o abastecimento dos lençóis freáticos e a preservação da vida aquática”, reforça.
“Fora que não há uma clareza de como se dará a compensação, onde será e quais métodos serão usados para compensar. Mas é assertivo dizer que, mesmo que haja replantio, e se houver, a agressão é irreparável. Você estará mexendo num bioma intacto para tentar compensá-lo em outro lugar. É o mesmo que trocar laranja por banana”, compara.
O órgão ambiental também acrescenta que “deverá, preferencialmente, ser compensada com a preservação ou recuperação de ecossistema semelhante, sendo no mínimo correspondente à área degradada, e que garanta a evolução e a ocorrência dos processos ecológicos, anteriormente à conclusão da obra”.
Por fim, esclarece que “assim que chegar à CPRH lei autorizativa aprovada pela Assembleia Legislativa, com os termos que já foram analisados pelo corpo técnico da CPRH, estará sendo cumprida uma das exigências para a supressão em APP, restando a apresentação e análise do projeto”.
Uma adutora com 18 quilômetros de extensão complementará a obra. A Secretaria está realizando os trâmites para convocar a segunda empresa candidata na licitação para executar, ainda neste semestre, as obras em São Bento do Una, já que a primeira desistiu “por motivos internos”.