Evasão escolar e falta de estrutura são desafios apontados por novo secretário de Educação do ES

Por Luiza Marcondes

A evasão escolar e falta de infraestrutura adequada nas escolas públicas são os principais desafios apontados pelo novo secretário estadual de educação do Espírito Santo, Vitor Amorim de Angelo. Professor universitário e doutor em Ciências Sociais, ele falou ao G1 que o trabalho na pasta será pautado no diálogo com a população.

G1 fez uma série de entrevista com os secretários nomeados pelo governador eleito Renato Casagrande (PSB) para as pastas de Cultura, Educação, Fazenda, Saúde e Segurança Pública.

Doutor em Ciências Sociais Vitor Amorim de Angelo assume em janeiro a Secretaria Estadual de Educação — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Doutor em Ciências Sociais Vitor Amorim de Angelo assume em janeiro a Secretaria Estadual de Educação — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Quais suas propostas para a pasta?

“O Espírito Santo tem obtido resultados positivos na educação pública ao longo dos últimos anos, em função do trabalho de sucessivos governos que investiram seriamente nessa área. O fato é que, pela sua complexidade e dimensão, a educação ainda tem muitos problemas e eles precisam ser enfrentados a partir de 2019.

Dentre eles, destaco, por exemplo, a falta de infraestrutura de algumas escolas, em contradição com a existência de verdadeiros centros de excelência dentro da rede, e o alto número de alunos fora das salas de aula.

Hoje temos,em relação ao período final do primeiro governo de Renato Casagrande, cerca de 60 mil pessoas a menos matriculadas na rede. São dois exemplos facilmente identificáveis que mostram bem o tamanho do desafio que temos pela frente.

Nos próximos quatro anos, e já a partir de janeiro próximo, faremos um planejamento, no sentido de identificarmos os problemas e traçarmos um cronograma de curto, médio e longo prazos para enfrentá-los.

Vamos abrir um processo de amplo diálogo com a sociedade, para que toda tomada de decisão, mesmo feita em meio a divergências – porque elas certamente existirão -, seja compreendida pela sociedade como necessária à solução dos problemas tão sérios que temos hoje na educação pública do Espírito Santo”.

O que a população pode esperar para a educação nos próximos 4 anos?

“Uma gestão de muito diálogo. Faremos tudo que estiver ao nosso alcance para conseguir superar os problemas que hoje existem na educação pública capixaba.

Vamos trabalhar incansavelmente, dando o nosso melhor, o meu e o de cada integrante de nossa equipe, para que tenhamos uma educação pública realmente de qualidade no Espírito Santo, superando todos os problemas com os quais nos deparamos hoje. Mas todas essas coisas, certamente, serão feitas em um processo de amplo diálogo”.

De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o abandono escolar caiu de 8.761, em 2014, para 3.266, em 2017. Porém, um levantamento da Unicef, com base em dados do IBGE, mais de 29 mil adolescentes de 15 a 17 anos estão fora da escola no estado, o que corresponde a 16% da população dessa faixa etária.

Dessa forma, como entende esse problema e quais serão as soluções para isso?

“Já mencionei aqui o abandono e também a expressiva evasão escolar. Mas o fato é que existe uma diferença conceitual. Abandono é algo que você mede ao longo do ano. É o aluno que estava na escola e saiu por qualquer razão, e não necessariamente vai deixar de fazer sua matrícula no ano seguinte. Ele pode ter abandonado a escola, por exemplo, em função de uma doença que o acometeu.

Evasão é diferente. Evasão é quando o aluno sai da escola e não volta a se matricular. Então abandono é algo que você consegue medir dentro da unidade escolar. Já a evasão você só mede olhando para a rede, porque ele saiu da sua escola e não voltou nem para ela e nem para nenhuma outra.

Se o abandono diminuiu, o fato é que a evasão, como mostram bem os dados apontados, aumentou muito. Comparando o período final do Governo Casagrande com o período final da atual gestão, constatamos cerca de 60 mil matrículas a menos.

Essa é uma situação muito séria, muito grave, que necessita de todo o nosso esforço para que possa ser superado. Existem medidas práticas obviamente para isso. A primeira delas é abrir vagas. Existem escolas que foram fechadas em um processo muito traumático para várias comunidades, inviabilizando a permanência de vários alunos dentro da rede.

Nesse sentido, precisamos oportunizar para essas pessoas a possibilidade delas se matricularem e continuarem obtendo a sua formação. Ao mesmo tempo, precisamos – e já estamos nos articulando nessa direção junto com o Instituto Jones – mapear quem são essas pessoas, qual a razão pela qual elas acabaram evadindo, para que, com base nesses dados, consigamos fazer um planejamento muito efetivo.

Afinal essa questão, assim como outras, enseja uma política pública, e toda política pública precisa estar baseada em informações. Vamos traçar, fundamentados em dados, um plano e uma política condizentes com a realidade, para que a gente consiga, ao longo de quatro anos, obter os resultados esperados na mitigação desses problemas”.

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