Fé mantém vivas lavagem do Bonfim e festa de Iemanjá

Luana Almeida

Cortejo do Bonfim acontece nesta quinta-feira, 12 - Foto: Joá Souza | Ag. A TARDE
Cortejo do Bonfim acontece nesta quinta-feira, 12
Joá Souza | Ag. A TARDE

Daqui a quatro dias, um “tapete” de cor branca se estenderá nos oito quilômetros que separam a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia (Comércio) até o Santuário Senhor do Bonfim (Cidade Baixa).

Lado a lado, católicos e candomblecistas irão às ruas para homenagear o Senhor do Bonfim e Oxalá na tradicional lavagem. O evento religioso é o ápice da temporada das festas populares da capital baiana que precedem o Carnaval.

A lavagem do Bonfim e a festa de Iemanjá estão ente as que ainda resistem ao esvaziamento recorrente em festas como Segunda-Feira Gorda da Ribeira, Conceição da Praia e Festa da Boa Viagem (Bom Jesus dos Navegantes).

Para que tais festejos voltem a ser frequentados e reconhecidos por baianos e turistas, a prefeitura está reforçando investimentos na área de infraestrutura de serviços públicos nos locais onde as festas são realizadas, como Ribeira, Boa Viagem, Rio Vermelho, Barra, dentre outros bairros.

A intenção, de acordo com o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, é valorizar a estrutura dos eventos como forma de preservar a tradição e de atrair ainda mais turistas para a capital.

O presidente da Saltur não sabe estimar o valor dos recursos, já que envolvem áreas distintas da gestão municipal, no entanto, garante que a oferta de serviços tem sido ampliada de forma significativa.

“Muita gente deixou de comparecer às festas porque não encontrava segurança e estrutura adequada. Ampliamos a oferta de banheiros químicos, de pessoas trabalhando na coleta de lixo e serviços das mais diversas ordens e já temos observado que as festas estão mais frequentadas”, afirmou.

A expectativa de Edington é que, no verão dos próximos anos, o apelo popular nas festas populares que antecedem o Carnaval cresça ainda mais.

“No ano passado, quando apresentamos o verão de Salvador em São Paulo, levamos, além do Carnaval, todas as nossas festas populares. Então, estamos bem otimistas para este verão e os próximos”, afirmou.

Além das tradicionais festas populares, Edington resalta a importância da criação de outros eventos de rua para incrementar o calendário de eventos do verão soteropolitano. O mais recente deles foi o “Brasil Guitarras”, realizado na noite de ontem, no Farol da Barra.

“Este ano, como o Carnaval só acontece no final de fevereiro, achamos importante agregar ao calendário outros eventos, como forma de ocupar os espaços públicos e oferecer lazer gratuito e de qualidade”, disse.

Valorização

De acordo com o antropólogo e pesquisador Ordep Serra, a manutenção destas tradições é resultado da fé e da participação popular do soteropolitano, que ainda preserva ritos inerentes a sua identidade cultural.

Segundo ele, com as transformações da sociedade, as festas populares passaram por um processo de descaracterização causado, sobretudo, pela dinâmica política e mercadológica. “As festas populares foram tomadas das mãos do povo. Muitas servem de palanque para políticos testarem sua popularidade ou para beneficiar o empresariado”, criticou.

Para Serra, o que ainda mantém a história das festas populares viva é a “energia” do baiano: “Seja pela fé ou pelo profano, o baiano ainda respeita essas tradições como parte importante da história cultural do estado, como patrimônio imaterial”.

LAVAGEM DO BONFIM

A tradicional lavagem das escadarias da Basílica do Bonfim é considerada a segunda maior manifestação popular da Bahia, perdendo apenas para o Carnaval. A festa é marcada por um cortejo, que sai pela manhã da Basílica da Conceição da Praia (Comércio) e segue até o Bonfim

FESTA DA RIBEIRA

Conhecido como Segunda-Feira Gorda da

Ribeira, o evento, com o passar dos anos, perdeu a popularidade, mas ainda resiste com barracas de bebidas e comidas e shows de samba

FESTA DE SÃO LÁZARO

Na manifestação, de origem católica, é realizada uma missa, tríduo e procissão pelas ruas do bairro em louvor ao santo. É forte a participação do candomblé, que homenageia Omolu, com lavagem da escadaria da igreja de São Lázaro e banho de pipoca.

FESTA DE IEMANJÁ

A festa é marcada por homenagens à Rainha do Mar. Desde a madrugada do dia 2, candomblecistas depositam oferendas e pedidos nos balaios, que são levados em um cortejo de embarcações para

alto-mar

LAVAGEM DE ITAPUÃ

A lavagem é realizada por baianas que levam potes de cerâmica com flores e água de cheiro para lavar a escadaria da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã. A tarde é a vez dos blocos de chão fazerem

a festa

FUZUÊ/ FURDUNÇO

A festa de pré-carnaval acontece no Circuito Orlando Tapajós (Barra) no fim de semana antes da folia momesca. No sábado, ocorre o Fuzuê, com apresentações de bandas de sopro. Domingo é a vez do Furdunço, com microtrios.

CARNAVAL

A festa, que atrai cerca de um milhão de turistas anualmente, é uma mais das mais aguardadas por baianos e turistas. Este ano, o Carnaval terá como tema “Cidade da Música”. A festa se espalha pelos circuitos localizados na Barra, Ondina, Centro Histórico e cerca de dez outros bairros

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