“Governador de PE ainda manda na PM, ou esta segue fascistoides de Brasília?”, por Reinado Azevedo

*Por Reinaldo Azevedo — Simplesmente vergonhosa a atuação da Polícia Militar de Pernambuco. O que se viu foi um ataque covarde contra pessoas que se manifestavam de forma pacífica. Houvesse alguma dúvida sobre o que se passou, as imagens da agressão à vereadora Liane Cirne (PT) responde a contento.

Uma mulher, obviamente desarmada, sem portar qualquer instrumento que pudesse sugerir uma ameaça, se aproxima de uma viatura para falar com os policiais e é atacada com gás de pimenta. A troco de quê? Por quê? A resposta parece óbvia: os policiais foram para as ruas com um objetivo: bater nos manifestantes.

O governador Paulo Câmara (PSB) reagiu e anunciou o afastamento do comandante da operação e dos policiais envolvidos na agressão à vereadora. Afirmou:
“O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação. Sempre vamos defender o amplo diálogo, o entendimento e o fortalecimento de nossas instituições dentro da melhor tradição democrática de Pernambuco”.

Vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta atirado pela PM durante protesto contra Bolsonaro no Recife

Até quando escrevo este post, a PM não se manifestou. Pessoas foram feridas com balas de borracha. Duas correm o risco de perder a visão de um dos olhos. Uma das vítimas nem mesmo participava do protesto. Ainda que participasse, note-se: isso não é polícia que protege, mas que agride; isso não é polícia a serviço do cidadão, mas contra ele.

A menos que estejamos falando sobre uma corporação que não mais obedece ao comando do governador do Estado. Pergunta-se: a quem serve o coronal Vanildo Neves de Albuquerque Maranhão Neto, comandante geral da PM? A quem serve Bruno Alves Benvindo, comandante do Batalhão de Choque, a que pertenciam os agressores?

Não vale dizer que servem “ao povo” porque o que se viu, neste sábado, foi uma polícia contra o povo. “Ah, ocorre que essa PM gosta daquela outra turma, que sai às ruas para gritar as glórias do Fanático da Cloroquina”. Será isso? Afinal, os bolsonaristas já desfilaram por Recife pregando golpe de estado — e, saibam, isso é crime —, sem que tenham sido molestados. Por que apanharam os que se expressaram em defesa de uma pauta democrática?

Polícia usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Foto: Reprodução/TV Globo

Assédio

A investigação tem de ser severa. As PMs do Brasil inteiro estão hoje sob o assédio do bolsonarismo. Um dito “pensador” de extrema direita oferece curso de graça a policiais para que enfrentem a suposta conspiração comunista. Já assistimos a um motim de PMs no Ceará; um policial obviamente tocado pela pauta da extrema direita acabou se voltando até contra seus colegas na Bahia, e agora se assiste ao espetáculo de truculência em Recife.

A pregação fascistoide para que PMs se rebelem contra governadores está em todo canto. Se os policiais não atuaram com autorização do governador, pergunta-se: quem deu a ordem? Obviamente, em caso de confrontos iniciados por manifestantes, pouco importa a sua ideologia, quem está em campo decide o que fazer. Não há como consultar superiores no calor da hora.

Mas não foi esse caso. Visível e comprovadamente, os policiais tomaram a decisão de atacar manifestantes pacíficos. Então é preciso saber quem deu a ordem e sob qual influência. Cumpre indagar: o governador Paulo Câmara ainda manda na Polícia Militar do seu Estado, ou esta se tornou uma força de intervenção a serviço de fascistoides de Brasília?

 

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