Governo polonês decreta estado de guerra e dissolve Solidarnosc

Suspensão das garantias legais no país apenas ajudou a acelerar o declínio do regime comunista no Leste Europeu

Logo na alvorada de 13 de dezembro de 1981, o general polonês Jaruzelski proclama “estado de guerra” na Polônia. A fórmula designava a suspensão das garantias legais.

 

Seis mil sindicalistas são presos, entre eles o popular Lech Walesa. O sindicato livre Solidannosc (Solidariedade) é dissolvido. É imensa a comoção no país como em todo o Ocidente europeu.

Essa tentativa de manter pela força o poder em mãos do Partido Comunista Polonês iria, na verdade, acelerar a decomposição do campo socialista do leste da Europa.

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Muro comemora aniversário de 30 anos do Solidarnosc. O padre na imagem é Jerzy Popieluzsko, morto pelo serviço secreto polonês

Greves sangrentas já haviam sacudido o país nos anos 1970. Em 18 de outubro de 1978, a oposição ao regime comunista recebe um impulso decisivo com a eleição do cardeal polonês Karol Wojtyla ao papado sob o nome de João Paulo II. Carismático e relativamente jovem, 58 anos, o novo papa viaja à Polônia alguns meses após a sua sagração, em maio-junho de 1979. Três palavras formariam um slogan que percorreria o país : “Não tenham medo !”.

Sob a direção do eletricitário Lech Walesa, os operários dos estaleiros navais de Gdansk entram em greve em fevereiro de 1980. As greves se estendem por todo o país. O poder comunista sob a chefia de Edward Gierek vacila.

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Em 31 de agosto de 1980, Lech Walesa triunfa ao assinar os acordos de Gdansk com os representantes do governo. Após a sessão oficial, o operário eletricista se precipita diante de seus camaradas, brandindo a caneta com a qual apôs sua assinatura. Tratava-se de uma caneta comum como se pode ver nas lojas de lembranças do Vaticano com o retrato de João Paulo II, primeiro papa polonês da história. Lech Walesa, católico fervoroso, queria com isto dar a entender que o soberano Pontífice guiou seus passos e inspirou os acordos.

Em 9 de novembro de 1980, o governo de Varsóvia reconhecia o sindicato livre Solidarnosc presidido por Lech Walesa e que congregava perto de 10 milhões de poloneses. Os soviéticos, empantanados no Afeganistão, não estavam em condições de intervir militarmente.

O general Wojciech Jaruzelski [foto à esquerda], tornado primeiro ministro em 10 de fevereiro de 1981, se desespera ao assistir à maré montante das aspirações trabalhistas e democráticas. Colocado num beco sem saída, proclama o estado de guerra. No entanto, esse golpe de Estado dissimulado não engana ninguém. Traduziria apenas a impotência dos comunistas de dirigir o país e anunciaria, com anos de antecedência, a derrocada da União Soviética e do campo socialista.

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