Hospital Municipal de Uauá funcionava sem alvará e com todo tipo de irregularidades

Almoxarifado virou depósito de lixo

Grazzielli Brito – Ação Popular

O Hospital Municipal da cidade de Uauá, Bahia, foi entregue à nova administração municipal em total estado de abandono. Não é à toa, que a população da cidade temia precisar de atendimento naquela unidade de saúde. O novo diretor administrativo do Hospital, Robson Cardoso de Oliveira, abriu as portas do local para mostrar ao Ação Popular e a toda população o inacreditável descaso com estrutura física e de atendimento em que se encontrava o estabelecimento de saúde pública.

Hospital destruido

O novo diretor conta que nem as descargas dos banheiros funcionavam por conta da encanação e bueiros estarem todos obstruídos. “As pessoas davam descarga e voltava tudo, foram oito anos desse hospital em estado deplorável. Até a bomba que faz abastecimento de água sumiu, a parte hidráulica e de energia funcionavam com gambiarras que colocam em risco a vida das pessoas”.

Validade do medicamento

“Quando cheguei aqui pensei que fosse encontrar outro cenário, sabia que era ruim, mas nem tanto. Vi um cenário de desleixo e muita imundície, não culpo a antiga administração do hospital, mas a antiga gestão que não dava condição de trabalho como hoje estou tendo”, diz Robson.

Robson Cardoso, diretor do hospital

Outra constatação lamentável é a grande quantidade de medicamentos vencidos, caixas e mais caixas de remédios que vão ser jogados no lixo. Um grande desperdício do dinheiro público. Para não passar por esse tipo de situação, o novo gestor do Hospital diz que tem marcado em cima dessa compra de medicamentos. “Toda compra é feita sobre cotações, e peço que informem a data de validade do medicamento comprado, se aparece aqui um remédio com validade para quatro meses eu não aceito porque sei que vamos perder”.

Bueiros

O almoxarifado onde foram encontradas caixas de medicamentos vencidos foi transformado em um depósito de lixo, a bagunça é grande: casa de aranha, cama jogada, uma desordem total.

Sem alvará de funcionamento

Robson Cardoso afirma que o Hospital Municipal de Uauá há oito anos não tem alvará de funcionamento. “Fomos à 15ª Dires para ver a questão do alvará de funcionamento aqui do hospital e para minha surpresa descobri que há oito anos esse hospital não tem alvará de funcionamento. Não sei como o ex-prefeito estava com esse hospital aberto. Chamo atenção também para as autoridades que vinham aqui fazer vistoria e não sei interditavam, faziam vista grossa”.

Instalações precárias

O centro cirúrgico foi notificado em péssimo estado de conservação pelos órgãos competentes – SESAB e a DIRES – segundo Robson o local onde era feita a esterilização de todo material estava em ma situação deplorável. “Tinha uma cratera enorme de esgoto, quando entrei aqui a primeira coisa que fiz reorganizar o hospital na parte estrutural, estou partindo pra reestruturação administrativa. Quando cheguei aqui eu não tinha formulário nenhum, tive que montar novos formulários pra trabalhar, trazer máquina de Xerox que é minha, de minha casa, porque aqui não tinha”.

Débitos deixados na Unidade de Saúde

O Hospital recebe hoje diversas cobranças deixadas pela administração anterior. Existem três ou quatro parcelas do eletrocardiograma sem pagar isso soma mais que 4 mil reais. Não existe uma linha telefônica em funcionamento, contas de energia e água também não foram pagas.

Remédio vai para o lixo

A precariedade está em toda a saúde municipal, seis Postos de Saúde da Família foram construídos na gestão anterior, mas nunca funcionaram devidamente. “O que ele falava é que o recurso não dava, mas ele não contava com os 15% destinados à saúde. Ele só contava com o que vinha de programas, colocava pra população que 25 mil não dava pra administrar os PSFs, se fosse só isso realmente não dava nem pra pagar o quadro de funcionários”. O que causa grande preocupação para o novo diretor e funcionários do estabelecimento foi uma dívida deixada junto à empresa que realizava a vistoria dos dosímetros utilizados pelos radiologistas.

Ar condicionado foi levado

O objetivo da dosimetria pessoal é determinar a exposição de radiação recebida pelo usuário em um determinado período de tempo. A sua utilização é exigida para operadores de equipamentos emissores de radiação. A radiação ionizante absorvida fora dos limites admissíveis poderá acarretar danos biológicos e, portanto deve ser precisamente monitorada. Entretanto desde que a prefeitura deixou de pagar a empresa há três meses, esses profissionais não vinham mais sendo monitorados. “A empresa falou que pra colocar em ordem tínhamos que pagar o débito anterior, mas não vamos fazer isso, vamos entrar em contato com outra empresa pra fornecimento desses dosímetros e prestação desse serviço”.

Hospital sem gerador elétrico e lavanderia

O prefeito Olímpio Cardoso (PDT) sempre revelou sua grande preocupação com o Hospital, pelo fato dele estar funcionando sem gerador próprio, ficando a mercê da falta de fornecimento de energia por parte da Coelba. “Estamos colocando esse gerador pra funcionar, um técnico já esteve aqui”, garantiu Robson.

Nota de compra de pneus para ambulância deixada com pneus desgastados

Outra coisa que não funciona é a lavanderia. Apenas uma máquina centrífuga funciona precariamente. “Ela está vazando a água, são colocadas bacias embaixo, está em péssima condição. Existe uma outra máquina que foi mandada pra conserto em Campo Formoso, há anos, e nunca foi resgatada, estamos providenciando trazê-la de volta”.

Ambulâncias depenadas

Uma prova de irregularidade foi deixada nas gavetas da diretoria do Hospital, uma nota de compra de dois pneus novos para a Ambulância Doblô do município. O estranho é que a mesma foi deixada com pneus deteriorados. “Eu mandei colocar 8 pneus em 3 ambulâncias, inclusive na Doblô, porque ela estava com os pneus desgastados, a nota é de 03/10/2012 e garanto que ela não tinha pneus com dois meses de uso”.

Esgoto

“Eu cheguei, aqui, encontrei as ambulâncias depenadas mandei pra Cavepe para revisão essa ambulância nova e ela já precisava fazer motor, são coisas estranhas”, disse o novo gestor.

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