James Joyce narra um dia da vida de Leopold Bloom em ‘Ulisses’

Obra deu origem a celebração chamada Bloomsday, em que fãs de Joyce reconstituem trajeto de Leopold Bloom

O enredo de Ulisses, um marco na moderna literatura mundial e um dos mais célebres romances do irlandês James Joyce, se desenrola em um só dia – o 16 de junho de 1904. Daí nasceu o Bloomsday, uma celebração organizada por fãs de Joyce de ao menos 60 países do mundo. A imaginação é ainda mais intensa em Dublin, capital da Irlanda, onde os acontecimentos da narrativa são reconstituídos e um itinerário percorre toda a cidade.

Em Ulisses há aparentemente a simples história do dia-a-dia do típico irlandês Leopold Bloom. Ele prepara seu café da manhã, sai para comprar jornal, vai ao pub e assim por diante.

À hora do almoço é tradição parar no pub Davy Byrne, na rua Duke, para uma taça de burgundy (vinho de Bordeus) e um sanduíche de gorgonzola, exatamente como Bloom fazia. À tarde, o hotel Ormond é o lugar ideal para uma cerveja, onde Bloom era tentado pelas moças que serviam bebidas na sala de reuniões Sirens.

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Os anos posteriores a 1904 tornaram impossível a exata reconstituição do itinerário do protagonista. A casa de Bloom à rua Eccles 7 não existe mais e o distrito da luz vermelha (Nighttown), em que o alucinante capítulo Circe tem lugar, foi arrasado. Restam apenas sinais de suas ruas.

As celebrações do Bloomsday incluem também leituras do Ulisses, concursos de sósias de James Joyce e várias outras atividades literárias. Aos olhos de muitos, é mais fácil e muito mais engraçado do que tentar entender o livro.

James Joyce (1882–1941) foi talvez o mais influente e célebre escritor do século 20. Era mestre do inglês e explorador singular de seus recursos linguísticos. Ulisses inscreve-se entre as grandes obras da literatura universal e utiliza diversas técnicas e estéticas literárias radicais.

O ano de 1922 foi fundamental na história do modernismo da literatura de língua inglesa, pois há a publicação tanto de Ulisses quanto do poema The Waste Land (A Terra Baldia) de T. S. Elliot. No enredo, Joyce se vale de um fluxo de consciência, turbilhão de impressões, sensações e raciocínios que se desenrolam em nível superficial. Essa modalidade estética é também conhecida como monólogo interior, mecanismo segundo o qual os pensamentos do personagem são apresentados de maneira nem sempre sincrônica. Trata-se do oposto do solilóquio, procedimento em que a personagem expõe oral e logicamente suas reflexões.

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