Jorge Jesus, do Flamengo, fecha o ano de 2019 como líder do ranking de técnicos

Jorge Jesus foi campeão brasileiro e da Libertadores com o Flamengo
Jorge Jesus foi campeão brasileiro e da Libertadores com o Flamengo Foto: PEDRO NUNES / REUTERS
Thales Machado

Não deu para fazer mistério na divulgação do melhor técnico da temporada segundo o Ranking O Globo/Extra de treinadores. O prêmio, que no começo do ano passado apontou Renato Gaúcho, do Grêmio, como melhor técnico de 2018, teve um vencedor óbvio para quem acompanhou, mesmo que por alto, a temporada de 2019: o português Jorge Jesus, do Flamengo, terminou o ano disparado na primeira colocação. De quebra, seu desempenho muito acima do normal mexe no mercado para 2020, e o top 10 do levantamento é um exemplo claro disso.

Ano passado, na primeira divulgação do ranking — que abrange sempre os últimos 12 meses do futebol brasileiro — Renato Gaúcho liderava com pouco mais de 20 pontos de vantagem para Felipão, então técnico do Palmeiras e segundo colocado. A diferença de Jesus, agora, para Renato é de mais de 100 pontos, o que exemplifica como o português teve resultados muito melhores do que seus adversários.

Jesus subiu o sarrafo do ranking e, consequentemente, do futebol brasileiro para 2020. O número de técnicos desempregados — cinco treinadores — entre os dez primeiros colocados do levantamento é um sintoma disso. Felipão e Mano Menezes, no Palmeiras, e Fábio Carille, no Corinthians, por exemplo, estiveram longe de brilhar, mas fizeram trabalhos com bom aproveitamento no ano. Talvez em outras temporadas a paciência de seus dirigentes e torcedores fosse maior. Para isso, um técnico que levou um time a outro patamar não poderia existir.

A chegada de Jesus ao Flamengo, com seus 77,7% de aproveitamento, 28 vitórias, sete empates e só quatro derrotas nas campanhas que deram ao rubro-negro os títulos do Brasileiro e da Libertadores, mudou a forma dos clubes da elite pensarem em quem comandará os times este ano. E mudou a cabeça dos treinadores também.

— Não chegamos a um acordo nem no econômico nem nas posturas esportivas. O Flamengo se distanciou muito em referência aos demais. Minha ideia de ficar no país era para brigar pelo Brasileiro. Não deu certo — disse o argentino Jorge Sampaoli, 4º colocado no ranking pelo trabalho no Santos em 2019, e que, ao não renovar com o clube do litoral, era favorito para assumir o Palmeiras. A justificativa para não seguir no futebol brasileiro por mais uma temporada, segundo suas palavras, passa também pelo alto nível que o Flamengo impôs.

Outro português

Para seu lugar, o Santos foi atrás de um técnico também português e que teve destaque no futebol lusitano. Jesualdo Ferreira, de 73 anos, estreará no Campeonato Paulista.

— O mercado do Brasil se abriu e não tenho nenhuma dúvida que é porque eles pensam que todos os portugueses são iguais a mim. Acham que todos os treinadores têm a mesma metodologia, o que não é verdade — disse, sem modéstia, o técnico do Flamengo ao jornal português “Record” — O Santos fez uma boa escolha, mas não é pelo fato de ser de um determinado país que os treinadores são todos iguais ou que isso é sinônimo, marca registrada de qualidade. Uns são, outros não — completou Jesus.

Além dos cinco desempregados no top 10, outros dois técnicos não seguirão nos mesmos clubes de 2019: Odair Hellmann, demitido no fim do ano no Internacional, assumiu o Fluminense. Tiago Nunes — talvez o maior vencedor do ano depois de Jesus e, não por acaso, único a eliminá-lo de alguma competição, a Copa do Brasil, conquistada pelo Athletico sob seu comando — foi para o Corinthians. Dos dez primeiros técnicos do ranking, só três (Jesus, Renato Gaúcho, no Grêmio, e Rogério Ceni, no Fortaleza) mantiveram seus empregos para esta temporada. Ano passado, a conta foi o contrário: de dez, sete permaneceram. Um furacão português passou por aqui.

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