Juiz federal deixa magistratura para se candidatar no Rio

Foto: Edson Queiroz/CJF
Foto: Edson Queiroz/CJF

 

No mesmo dia em que Sérgio Moro desestimulava a candidatura de integrantes do judiciário ao participar de debate em Nova Iorque, o agora ex-juiz federal Wilson José Witzel assinava sua filiação ao PSC para disputar o governo do Rio de Janeiro. Após 17 anos na magistratura, ele deixou o cargo e entrou nessa sexta-feira (2) no partido que Jair Bolsonaro está abandonando pelos planos presidenciais. Witzel chegou a ser sondado pelo Patriota, legenda que receberia o deputado, mas preferiu aderir às propostas de liberalismo econômico e valores cristãos do PSC. No programa de governo, o foco será a segurança pública.

Segundo o ex-magistrado, o objetivo dele ao entrar na política é de agir na base para evitar questões como a violência no Rio. Agora, inicia a fase de pré-campanha, visitando as lideranças do partido e viajando pelo Estado.

“Quero usar os conhecimentos que tenho, ao longo de 17 anos de magistratura, essa experiência adquirida, para, ao invés de corrigir problemas envolvendo má gestão publica e segurança, impedir que esses erros aconteçam”, afirmou em entrevista por telefone ao Blog de Jamildo.

Para essa área, os planos de Witzel preveem o fortalecimento do trabalho de inteligência. “O Rio de Janeiro sofre um problema crônico de falta de investimento na investigação. Investiu-se em policiamento ostensivo, mas não se investiu na mesma proporção em inteligência”, afirmou. Para ele, o que a Polícia Civil recebeu foi “insuficiente ou quase nada”.

“A segurança pública do Rio está desarrumada”, constatou. “Vou liderar o processo de reorganização, corrigindo rotinas internas da Polícia Civil, especialmente nas delegacias especializadas. Investir inicialmente na formação e alocação de delegados especializados na análise de informação de crimes fazendários, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e armas”, propôs.

Witzel tem no programa também o fortalecimento da autonomia das corregedorias. Com isso, pretende impedir a corrupção policial e aplicar “punições exemplares” aos maus policiais.

Inicialmente, segundo ele, seriam aproveitados os recursos já existentes na corporação, principalmente de pessoal, sem a necessidade de aportes financeiros. Witzel avalia que a questão é de gestão e dar mais eficiência às ações. As contas do Rio também estão no vermelho e o Estado assinou um plano de recuperação fiscal em setembro do ano passado, ajuste da ordem de R$ 63 bilhões até 2020 que inclui diminuição de despesas, elevação de receitas e a moratória temporária das dívidas com a União.

Corrupção

Para Witzel, o Rio “usa pouco os instrumentos modernos para atrair investimentos”, entre eles a Parceria Público-Privada, PPP. “O Estado também perdeu credibilidade diante da corrupção. Os investidores não têm interesse de vir ao Rio de Janeiro por causa da corrupção e da falta de segurança”, avalia. Nos últimos anos, a Operação Lava Jato colocou no alvo o ex-governador Sérgio Cabral, do MDB, e a cúpula do seu governo. Também são investigados em outras ações o ex-governador Anthony Garotinho e até conselheiros do Tribunal de Contas. Além disso, foram presos no fim do ano passado o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani (MDB) e mais dois deputados.

Intervenção federal

Com a segurança no foco, o ex-juiz considera a intervenção federal na área muito importante, mas enfatizou que, para ele, trata-se de um trabalho temporário e que atuação definitiva deverá ser do próximo governo estadual e apenas usando as forças policiais locais.

“Vem em boa hora, vai ajudar bastante. Vamos fazer a transição aproveitando o resultado da intervenção para tornar definitivo o investimento na segurança pública”, afirmou. “A intervenção é necessária, importante e está ajudando o estado do Rio de Janeiro a diminuir a violência na rua e dando oportunidade ao carioca de ir e vir”, disse ainda.

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