Justiça condena autores dos disparos na chacina de Unaí

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Foram precisos nove anos de espera até que, no começo deste sábado, depois de longa batalha judicial, com inúmeros recursos e adiamentos, fossem condenados os três primeiros responsáveis pela chacina de Unaí, que vitimou, em 28 de janeiro de 2004, quatro servidores do Ministério do Trabalho. A sentença, proferida pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, substituta da 9ª Vara Federal em Belo Horizonte, condenou Erinaldo de Vasconcelos Silva a 76 anos e 20 dias por quatro homicídios triplamente qualificados e por formação de quadrilha, Rogério Alan Rocha Rios a 94 anos de prisão pelos mesmos crimes e William Gomes de Miranda a 56 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado.

O próximo júri do caso está marcado para o dia 17 de setembro, quando serão julgados o fazendeiro Norberto Mânica, o cerealista Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro, apontados como mandantes do crime. Um irmão de Norberto, o também fazendeiro e ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, ainda não teve a sessão marcada pela Justiça.

Debates durante o julgamento

Os debates entre acusação e defesa esquentaram o clima durante a sessão de julgamento dos três acusados de executarem os servidores. Um dos responsáveis pela acusação, o procurador da República Vladimir Aras, praticamente dissecou as provas do processo para demonstrar a participação dos pistoleiros na execução e também com mandantes e intermediários do crime conhecido internacionalmente como Chacina de Unaí. Segundo Aras, os acusados agiram como “três mosqueteiros, mas não a serviço de um rei bom”.

Além de Aras, as teses de acusação foram apresentadas ainda pelo procuradora Mirian Moreira Lima e pelos assistentes de acusação, Antônio Francisco Patente e Rogério Del Corsi, durante duas horas e meia, no quarto dia de julgamento. “A motivação desse crime foi a desmedida ambição de fazendeiros que eram os maiores produtores de feijão do país. A motivação subjetiva é que eles acreditavam que o dinheiro comprova tudo e todos”, afirmou Del Corsi. Ele fazia menção aos fazendeiros Norberto Mânica, o “rei do feijão”, e o seu irmão, o político Antério Mânica, que administrou Unaí entre 2005 e 2012, acusados de serem os mandantes das brutais execuções. (Maria Clara Prates, Leonardo Augusto, Emerson Campos/Correio Brasiliense)

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