Luiz Vicente fala da difícil decisão de demitir servidores em Sobradinho

Luiz Vicente Berti

Da Redação

O prefeito de Sobradinho, Luiz Vicente Berti (PDT), fez uma analogia que representa bem a situação dos municípios brasileiros nesse momento de crise com redução das receitas e aumento das despesas, onde as prefeituras estão prestes a fechar suas portas. “É como se a gente tivesse um carro velho a gás pra funcionar, pra piorar vem alguém e fura a mangueira do gás. Então como é que a gente funciona?”.

Vicente, que é presidente do Consórcio que representa os prefeitos do Sertão do São Francisco, conta que a difícil decisão de demitir funcionários foi bastante discutida pelos 10 prefeitos do consórcio. “Não é fácil. Levamos até onde pudemos. O índice de pessoal está estourado, mas não é só isso. Em Sobradinho se eu não fizer isso, agora, mês que vem não tem dinheiro pra pagar salário a ninguém. Nesse momento, tomamos essa medida amarga porque somos obrigados, não temos alternativa”.

Um dos papeis mais difíceis do administrador, seja ele do serviço público ou privado, é o momento de demitir um funcionário. Imagine demitir 500 de uma só vez. Momento difícil, que Vicente preferiu fazer pessoalmente, quando a maioria dos gestores adota as conhecidas e temidas entregas de cartas de demissão, reunindo os funcionários comissionados e prestadores de serviço no dia que ele classificou “pior dia da sua vida”.

Na manhã de ontem (31), ele demitiu e exonerou funcionários, inclusive, secretários municipais e assessores. Ele se emocionou bastante e saiu da reunião aplaudido por todos. “Cortar na carne não é fácil. O sentimento é de tristeza. Sobradinho passou por processos de desestruturação muito grande por isso estou tomando essa decisão hoje. A medida vai atingir pais e mães de família, mas é uma medida emergencial. Nós temos fé em Deus que essa situação vai melhorar”.

O prefeito conta que atender determinação do Tribunal de Contas, da Lei de Responsabilidade Fiscal é o de menos. “Sou advogado sei que isso, também, é serio. Mas, a preocupação maior é poder pagar o salário do servidor. Esse índice de pessoal que está acima do que determina a Lei, a gente leva pra frente, recebe multa, fica inelegível, mas tem a consciência que fez aquilo pra manter os pais e mães de família trabalhando. Mas, a situação é mais séria a prefeitura não tem mais recursos para manter a folha como está”.

Ele conta que o município foi destruído pela gestão anterior, da qual ele paga as dívidas até hoje, e que a queda da receita municipal vem agravando a situação. O valor recebido em julho de R$ 1.170.000, teve 700 mil levado pelo INSS, 200 mil bloqueado pela ANA, Agência Nacional de Água, e o restante a Justiça do Trabalho recolheu. No próximo dia 20, deve receber 300 mil, paga 120 mil para a câmara e já tem 70 mil de débito com a Coelba a ser pago.

“É uma situação difícil em que pagamos um alto preço no cenário político. As pessoas cobram dos prefeitos. O acesso deles não é ao governador ou à presidente. Elas esperam alternativas e cobram dos prefeitos. Eu tenho responsabilidade, sei que a educação, a saúde, o serviços de limpeza, iluminação, não podem esperar. O município entra até na segurança, temos gastos ajudando com combustível das viaturas, entre tantos outros”.

A esperança de dias melhores, que foi o que levou Vicente à cadeira de prefeito, não faltou nesse momento de dificuldade. “Estamos na caminhada pra dar ao nosso povo melhores dias de vida. Se não tomarmos essa decisão agora, mais na frente vamos lamentar. Mas vamos reestruturar Sobradinho e essa difícil decisão faz parte de nosso compromisso por dias melhores”, finalizou.

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