Maioria defende democracia, quer Congresso aberto e não aprova ditadura

Foto: Reprodução
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A primeira pesquisa da Nassau sobre as eleições 2018 também investigou o sentimento dos eleitores do Recife sobre a política, a democracia e o Poder Legislativo.

Mesmo depois de sucessivas tentativas de transformar o Brasil em terra arrasada, com a imagem da classe política no chão, nem assim os eleitores querem uma ditadura no Brasil.

Quando confrontados se concordariam se os militares decidissem fechar o Poder Legislativo, a maioria dos eleitores (44%) respondeu não. Apenas 20% disse sim à ameaça. Outros 10% talvez e 26% não sabe ou não respondeu. Entre quem apoioria o fechamento do Congresso, a taxa de aceitação sobe para 25% quando a renda é de até um salário mínimo.

Quem declarou apoiar a hipotética situação citou como razão temas como esperança de melhora (39,6%), muita corrupção no Legislativo (28,1%) e até que o governo autoritário põe ordem (10,4%).

Quem declarou não apoiar a absurda situação, 31,4% citou que era um retrocesso e outros 31% disse que a democracia é a solução sempre. Outros 10,5% lembraram que o voto deve valer sempre.

A maioria (62%) também disse claramente ser contra os militares retomarem o poder no Brasil. So 22% se declarou favorável.

Entre os que disseram não aos militares, a taxa de reprovação cai conforme a idade. O grupo de quem tem 60 anos ou mais tem a menor taxa de negativas (52%).

Por fim, 76% disse preferir viver em uma democracia contra 9% saudosistas de uma ditadura.

Imagem da classe política

Não ter interesse por política é a realidade de 83% dos recifenses também mostra a Pesquisa Sentimentos do Eleitor e Eleições 2018 realizada pelo Instituto de Pesquisas Uninassau e divulgada pelo Jornal do Commercio e portal Leia Já.

“Esse desinteresse é alto em pessoas de todos os extratos de renda, mas diminui um pouco nas pessoas que ganham acima de cinco salários mínimos, as classes média e alta”, explica ao JC o cientista político, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e um dos coordenadores do levantamento, Adriano Oliveira.

Entres os que ganham acima de cinco salários mínimos, 66% não têm interesse em política e 34% gostam do assunto. Esse último percentual é um dos mais altos.

Além da renda, a escolaridade influi nessa preferência. Dentre os que têm curso superior, 39% se interessam pelo tema. É o maior percentual entre todos os subgrupos, que agregam as pessoas por sexo, grau de instrução, idade e renda familiar.

“É fácil explicar esse desinteresse porque a pesquisa mostra que 93% dos eleitores não admiram a classe política, que é rejeitada”, conta Adriano.

O estudo aponta que 61% dos eleitores pretendem votar na próxima eleição e 30% não desejam ir às urnas.

“Isso significa que a taxa de abstenção vai ficar em torno de 25% a 30% no Recife e também pode se falar nesse mesmo percentual no Brasil”, conta.

E mesmo entre os 61% que vão comparecer às urnas, 37% desejam anular a votação.

“Conquistar o voto é uma tarefa árdua nesta eleição, principalmente entre os eleitores com mais de 60 anos, porque 53% deles não têm intenção de votar”, revela Adriano.

A falta de interesse pela política anda paralelamente a um desconhecimento sobre o Legislativo, responsável pela elaboração das leis que regem a vida de todos os brasileiros.

Entre os entrevistados, 36% informaram não saber o que é um Senador da República. E ao serem questionados sobre o que faz um político que ocupa esse cargo, as respostas foram: não sabem ou não responderam por 55,1%; faz as leis do País (18,1%); aprova as leis da Câmara (4,7%); roubar (4,7%); nada (5,4%), entre outras.

O Legislativo também não inspira confiança para 70% dos recifenses.

“Isso reforça como será difícil pedir o voto particularmente para deputados”, argumenta.

A pesquisa mostra que 20% dos eleitores concordam em fechar as casas do Parlamento (Senado, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas estaduais), caso os militares tomem o poder.

“Isso reflete o descrédito da população com o Legislativo, que tem que mudar o seu comportamento. Também é relevante o fato que 62% dos eleitores não desejam que os militares voltem ao poder no Brasil”, argumenta.

Registro

O levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Uninassau foi feito em parceria com o Portal LeiaJá e Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.

A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral, sob o número PE-00515/2018, no dia 20 de julho de 2018.

A pesquisa ouviu 480 pessoas com 16 anos ou mais, residentes no Recife, no dia 23 de julho de 2018.

O número de entrevistas foi estabelecido com base em uma amostragem aleatória simples, com um nível estimado de 95% de confiança e uma margem de erro estimada de 4,5 pontos percentuais.

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