Morre a pintora mexicana Frida Kahlo

Artista rejeitaria a alcunha de surrealista por se recusar a pintar sonhos e buscar sempre sua ‘própria realidade’
 

No dia 13 de julho de 1954, já abatida por conta de uma broncopneumonia, morre a grande pintora mexicana Frida Kahlo.

Ela nasceu no bairro Coyoacán, na Cidade do México, em 6 de julho de 1907. Em 1913 é diagnosticada com poliomielite, doença que acabou sequelando sua perna direita. Inicia os estudos na Escola Nacional em 1922, onde teve a oportunidade de observar Diego Rivera pintar seu mural A Criação. Nessa mesma época, recebe aulas de gravação do mestre Fernando Fernández.

Em 17 de setembro de 1926, sofre um terrível acidente enquanto viajava em um ônibus. O resultado foi a ruptura da coluna em três lugares, assim como da clavícula, de três costelas, da perna e do pé direito. Um cano atravessa a bacia até a região púbica, produzindo uma tripla fratura da pélvis. Ficou impedida para sempre de ter filhos. O acidente marcaria toda a sua vida. O manancial de horrores físicos deu origem às tragédias traduzidas em sua obra artística.

Durante a convalescença, começa a pintar os primeiros quadros. São retratos escuros, de formas rígidas e convencionais. Com Rivera, aprimoraria a técnica pictórica. Reencontra-se com Rivera quando ele regressa da União Soviética, em 1927, e pinta os afrescos da Secretaria de Educação. O pintor mostra interesse pela artista e sua obra. Dois anos depois se casam. À época ela tinha 22 anos e ele 43.

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Detalhe de retrato de Frida Kahlo em 1932 por Guillermo Kahlo

O casal viaja para os Estados Unidos, instalando-se finalmente em Nova York. Nesta cidade, Kahlo pinta “My dress hanging there”, quadro que prenuncia sua obra contundente, repleta de símbolos. A influência da estética popular e religiosa mexicana marcaria sua obra.

Em 1934, regressam ao México e se instalam no ateliê da rua Altavista, em San Ángel. Sofre aborto e é operada do pé direito. O processo de desfiguração de seu corpo é constante e isto se reflete em seus trabalhos. Rivera tem um romance com sua irmã, Cristina, fato que a leva a uma profunda depressão. Separa-se de Rivera e viaja a Nova York.

Frida regressaria ao México apenas em 1937, época na qual Leon Trotsky e sua esposa, Natália, chegam ao país. Frida vai sozinha recebê-los no porto de Tampico. Instalam-se em sua casa de Coyoacán. É um ano dos mais prolíficos de Kahlo, quando produz Minha irmã e eu, O defunto Dimas, Meus avós, meus país e eu, assim como vários autorretratos.

André Breton chega ao México em 1938, trazendo consigo uma visão predisposta a encontrar o surrealismo de Frida. Mas essa etiqueta na obra de Kahlo foi um equívoco ao qual ela respondeu: “Pensaram que eu era surrealista. Nunca pintei meus sonhos, apenas pintei minha própria realidade”.

Organiza uma primeira exposição individual na Julien Levy Gallery, em Nova York. Vive um romance com o fotógrafo Nicholas Murray. Vai a Paris para visitar a exposição México, que Breton organiza com obras pré-hispânicas e 18 quadros da própria Frida.

Em 1940, participa da Exposição Internacional do Surrealismo na Galeria de Arte Mexicana com as telas As Duas Fridas e A Mesa Ferida. Em 21 de agosto desse ano, Trotsky é assassinado. Sua admiração pelo líder russo a havia levado a ter um romance com ele.

Volta a viajar aos Estados Unidos para receber tratamento médico. Participa em São Francisco da Exibição Internacional Golden Gate e, em Nova York, da exposição Vinte Séculos de Arte Mexicana.

No fim daquele ano, volta a se unir com Rivera. Regressam ao México em 1941, quando pinta vários autorretratos. Em 1942, participa da inauguração do Seminário de Cultura Mexicana e expõe no Museu de Arte Moderna de Nova York. É nomeada professora da Escola de Pintura e Escultura La Esmeralda em 1943. De 1944 a 1949, participa de diversas exposições nacionais e internacionais. Escreve o ensaio Retrato de Diego, pinta Diego em meu Pensamento e Diego e eu, ambas obras emblemáticas.

Em 1950, fica internada por nove meses por conta de uma complicação do procedimento de enxerto de um osso na coluna vertebral. Ali mesmo pinta Minha Família, que deixa inconcluso. No ano seguinte, produz Autorretrato com Dr. Juan Farill, diversas naturezas mortas e o Retrato de meu pai Wilhelm Kahlo.

Em 1953, organiza uma ampla exposição individual no México, na Galeria de Arte Contemporânea. É internada para a amputação da perna direita devido a um quadro de gangrena. Expõe na British Art Council. Frida Kahlo, criadora de sua própria personagem, tema de sua própria obra, é considerada uma das artistas fundamentais da arte mexicana e mundial.

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