Morre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche

Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken, Prússia; seu pai, ministro luterano, morreu quando tinha cinco anos, sendo educado pela mãe.
Friedrich Nietzsche, filósofo, poeta e filólogo alemão, cujo pensamento é considerado como um dos mais radicais, ricos e sugestivos do século XX, morreu em Weimar, em 25 de agosto de 1900. Sua delicada saúde — marcada pela pouca visão e constantes enxaquecas –, o obrigou a se aposentar em 1889. Nietzsche sofreu uma crise nervosa da qual jamais se recuperou.

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Nietzsche fotografado por Hans Olde no verão de 1899

O alemão fundamentou sua ética no que acreditava ser o instinto humano mais essencial: a vontade de poder. Nietzsche criticou o cristianismo e os sistemas morais de outros filósofos como “morais escravas”, porque prendiam todos os membros da sociedade com normas universais de ética. Ele propôs uma “moral mestra”, que apreciava a influência criativa de indivíduos poderosos que transcendem as normas comuns. A do super-homem é uma das ideias da filosofia de Nietzsche que mais interpretações vem sofrendo ao longo dos tempos.

Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken, Prússia. Seu pai, ministro luterano, morreu quando tinha cinco anos, sendo educado pela mãe. Ele estudou filologia clássica nas Universidades de Bonn e Leipzig e foi nomeado professor de filología grega na Universidade de Basileia aos 24 anos. Além da influência da cultura helênica, Nietzsche foi influenciado pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer, pela teoria da evolução e por sua amizade com o compositor Richard Wagner.

Escritor prolífico, escreveu obras importantes: A Origem da Tragédia (1872); Assim Falou Zaratustra (1883-1885); Além do Bem e do Mal(1886); A Genealogia da Moral (1887); O Crepúsculo dos Deuses (1888); O Anticristo (1888); Ecce Homo (1889); A Vontade de Poder (1901).

Um dos argumentos fundamentais de Nietzsche era que os valores tradicionais, representados em essência pelo cristianismo, tinham perdido seu poder na vida das pessoas, o que chamava de ‘nihilismo passivo’, expresso em sua cortante proclamação “Deus morreu”. Estava convencido que os valores tradicionais representavam uma “moralidade escrava”, criada por pessoas débeis e ressentidas que fomentavam comportamentos como a submissão e o conformismo uma vez que os valores implícitos em tais condutas serviam a seus interesses. Afirmou o imperativo ético de criar valores novos que deveriam substituir os tradicionais. A discussão sobre esta possibilidade evoluiu até configurar seu retrato do homem por vir, o `super-homem’ (übermensch).

As massas, a quem chamava de ‘rebanho’, ‘manada’ ou ‘multidão’, se adaptam à tradição, enquanto seu super-homem utópico é seguro, independente, individualista. O super-homem sente com intensidade, porém suas paixões estão contidas e reprimidas pela razão. Centrando-se no mundo real, mais que nas recompensas do mundo futuro prometidas pelas religiões, o super-homem afirma a vida, inclusive o sofrimento e a dor que a existência humana carrega. Seu super-homem é um criador de valores, um exemplo de “eticidade mestra” que reflete a força e independência de alguém que está livre das amarras do humano “envilecido” pela docilidade cristã, salvo aquelas que julga vitais.

Nietzsche sustentava que todo ato ou projeto humano está motivado pela “vontade de poder”, que não é tão só o poder sobre outros, e sim o poder sobre si mesmo, algo necessário para a criatividade. Tal capacidade se manifesta na autonomía do super-homem. Se bem que tenha negado em muitas oportunidades que nenhum super-homem havia ainda surgido, citou algunas figuras que poderiam servir de modelo: Sócrates, Jesus Cristo, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Shakespeare, Goethe, Júlio César e Napoleão. O conceito do super-homem foi insistentemente criticado por ser fruto de um intelectual que se desenvolve numa sociedade de amos e escravos e foi identificado com as filosofías autoritárias.

Aclamado poeta, Nietzsche exerceu influência sobre a literatura alemã, assim como sobre a literatura europeia e a teología. Seus conceitos foram discutidos e ampliados por personalidades como os filósofos Karl Jaspers e Martin Heidegger, o filósofo judeu-alemão Martin Buber, o teólogo Paul Tillich e os escritores Albert Camus e Jean-Paul Sartre.

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