MP: Porteiro de condomínio de Bolsonaro mentiu

Áudio mostra que quem autorizou a entrada de Élcio foi o próprio sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa

Por Bruna Fanttin

Sargento reformado da PM, Ronnie Lessa, e ex-PM Élcio Queiroz, suspeitos de terem executado Marielle Franco

Sargento reformado da PM, Ronnie Lessa, e ex-PM Élcio Queiroz, suspeitos de terem executado Marielle Franco – Divulgação/Polícia Civil
 O Ministério Público do Rio (MPRJ) informou, nesta quarta-feira, que o depoimento do porteiro que contou que, horas antes do assassinato da vereadora Marielle Franco, no dia 14 de março de 2018, Élcio Queiroz entrou no condomínio dizendo que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro, não é compatível com a gravação da chamada feita pelo interfone da portaria. O áudio mostra que quem autorizou a entrada de Élcio foi o próprio sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa. Os dois são suspeitos de matar a parlamentar. Queiroz teria dirigido o carro e Lessa teria feito os disparos que mataram Marielle.
As promotoras do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) explicaram que, apesar de o porteiro do prédio ter dito, em depoimento no início deste mês, que a autorização para Élcio entrar no condomínio no dia do crime teria sido dada por alguém da casa de Bolsonaro, planilhas e áudios comprovam que foi o próprio Lessa.

“(O porteiro) mentiu. Pode ser por vários motivos. E esses motivos serão apurados. O fato é que as ligações comprovam que quem autorizou foi Ronnie Lessa”, afirmou Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco.

Apesar de a declaração do porteiro conter, em tese, alegações falsas, o depoimento foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 10 de outubro, junto com as planilhas e os áudios. Isso porque a simples menção ao presidente Jair Bolsonaro, deputado federal à época do crime, já faz com que seja necessário subir o caso, por causa do foro privilegiado.

O áudio do interfone do condomínio foi cruzado com outro áudio de Lessa pelo MP, a fim de comprovar que aquela era sua voz. Além disso, o horário batia com o que constava na planilha de entrada no Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio.

Segundo o MPRJ, o porteiro pode ser processado por falso testemunho, caso seja comprovado que mentiu em depoimento.

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