MST firma compromisso de plantar 10 milhões de árvores em toda Bahia

32º Encontro Estadual do MST na Bahia lança Campanha de Reflorestamento

A campanha de reflorestamento se posiciona contra os grandes monocultivos espalhados por toda Bahia. Foto: Divulgação/MST BA


Da Página do MST

O MST na Bahia, durante seu Encontro Estadual que teve início na última sexta-feira (6), realizou neste domingo (8) o lançamento da Campanha de Reflorestamento do MST. A ação, realizada no Parque de Exposições Agropecuária de Salvador, contou com mais de 1.500 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.

Só no estado da Bahia, o MST prevê o plantio de 10 milhões de árvores nos próximos dez anos. Para 2020, já estão previstas o plantio de 100 mil árvores em cada uma das dez regiões onde o MST está organizado no estado. Contabilizando, ao todo, o plantio de 1 milhão de mudas no próximo ano.

Na mística de lançamento da Campanha, o Movimento no estado denunciou as queimadas na Amazônia, o crime de Brumadinho, ocorrido com o rompimento da barragem de rejeitos da Vale, os monocultivos, o uso intensivo de agrotóxicos e a concentração de terra na Bahia. Durante o lançamento se repetiram diversas vezes: “O latifúndio destrói, incendeia, envenena e mata.”

Diversidade florestal contra o deserto verde

A campanha de reflorestamento se posiciona contra os grandes monocultivos espalhados por toda Bahia. Essas plantações refletem a concentração de terra nas mãos de empresas multinacionais, entre elas as que produzem eucalipto, que tem se expandido no Extremo Sul, Sudoeste, Sul, Baixo Sul, Oeste e Recôncavo no estado.

A Campanha tem como objetivo também fortalecer as experiências de cultivo e plantio de mudas. Foto: Divulgação/ MST BA

Além disso, um estudo publicado em setembro de 2017 pelo Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (MRN) fez uma análise das mudanças ambientais provocadas pelo monocultivo do eucalipto e diz que essa produção de celulose abriga em si, disfarçadamente, a utilização de agrotóxicos.

“No Brasil, os agrotóxicos dialogam com o Plano de Metas do governo brasileiro da época pós-2ª Guerra Mundial que, com ‘auxílio’ dos Estados Unidos, incluiu a modernização da agricultura, por exemplo, a fabricação de tratores dentro da meta da indústria automobilística, e os agrotóxicos como meta das indústrias de base, visto que as metas deveriam ser definidas e implementadas em estreita harmonia entre si, para que os investimentos em determinados setores pudessem refletir-se positivamente na dinâmica dos outros”, explica o estudo.

Eliane Oliveira, da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Bruneto, afirmou que a Campanha para o Movimento Sem Terra na Bahia é de grande importância “porque vivemos em um estado onde o agronegócio é predominante e algumas de nossas regiões na Bahia são atingidas de maneira direta pelas empresas de celulose”.

Ela explica que essas empresas têm devastado o meio ambiente e degradado o solo. “Para nós, Movimento Sem Terra, quando ocupamos a terra temos o grande compromisso de cuidar da mãe terra, do nosso solo. Então, essa campanha vem para fortalecer esse compromisso que o MST tem desde a sua gênese que é de cuidar da terra”.

Além disso, Eliane comentou a perspectiva da atual conjuntura. “Esse desgoverno [do Bolsonaro] no qual nós estamos vivendo, tem sucateado as políticas ambientais, e o que se tinha com muita luta dos movimentos ao longo dos anos, tem sido retiradas”.

Bahia reflorestada

A Campanha de Reflorestamento do MST tem como objetivo também fortalecer as experiências de cultivo e plantio de mudas, já desenvolvidas pelas famílias assentadas e acampadas em toda Bahia.

Só no estado da Bahia, o MST prevê o plantio de 10 milhões de árvores nos próximos dez anos. Foto: Divulgação/MST BA

Na Chapada Diamantina, por exemplo, o MST na região tem mobilizado as famílias do assentamento São Sebastião de Utinga para o processo de recuperação do Rio Utinga, localizado próximo a cidade de Wagner. Até então, foram plantadas mais de 40 mil mudas de árvores nativas da região.

A iniciativa mobilizou Sem Terra, ribeirinhos, quilombolas e povos indígenas da tribo Payaya.

Além disso, outras regiões da Bahia, como Sudoeste, Extremo Sul, Nordeste, Sul e Norte estão desenvolvendo ações nesse mesmo formato há mais de um ano.

*Editado por Fernanda Alcântara

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