O mundo caminha para a 3ª guerra? Líderes alertam para risco de confronto global

Mesmo diante dos alertas e apelos por parte da comunidade internacional, o conflito só se intensifica

Por: Rodrigo Daniel Silva

Pelo menos sete pontos de Tel Aviv foram atingidos por mísseis lançados pelo Irã

Pelo menos sete pontos de Tel Aviv foram atingidos por mísseis lançados pelo Irã Crédito: Reprodução/TV Globo

Este ano marca os 80 anos do fim de uma guerra sangrenta que envolveu todos os continentes do planeta e custou a vida de mais de 60 milhões de pessoas. A 2ª Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, foi um conflito devastador que, durante seis anos, espalhou horrores sem poupar civis de nenhum dos lados. Além das campanhas militares brutais, o período ficou marcado pelo Holocausto: o assassinato sistemático de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas. Oito décadas depois, será que estamos à beira de testemunhar algo tão horrendo novamente?

O beligerante presidente da Rússia, Vladimir Putin, acredita que sim. Ele disse, inclusive, estar preocupado com o risco real de uma 3ª Guerra Mundial, diante do confronto entre Irã e Israel. Os russos são aliados do Irã. “É preocupante. Estou falando sem ironia, sem brincadeiras. Claro que há muito potencial de conflito, ele está crescendo, e está bem diante de nossos olhos – e nos afeta diretamente”, disse Putin, durante um fórum econômico em São Petersburgo nesta sexta-feira (20).

Criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo principal de mediar conflitos e evitar novas guerras, a Organização das Nações Unidas (ONU) também emitiu um alerta vermelho sobre a possibilidade de o embate entre Irã e Israel tomar proporções internacionais.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou nesta sexta que o conflito entre os países pode “acender um fogo que ninguém poderá controlar”. “Nós temos de evitar isso”, disse o português ao comentar a guerra, que entrou em mais uma semana. “Dê uma chance à paz”, acrescentou Guterres, fazendo referência à clássica canção antiguerra de John Lennon, de 1969.

No Conselho de Segurança da ONU, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, também advertiu nesta sexta que um eventual ataque à usina de Bushehr, no Irã, pode causar uma catástrofe nuclear. “Trata-se da planta nuclear no Irã onde as consequências de um ataque poderiam ser mais graves, já que é uma usina nuclear em funcionamento que abriga milhares de quilogramas de material nuclear”, afirmou.

Israel e Irã entraram em confronto e colocaram o planeta   sob ameaça de uma nova guerra mundial

Israel e Irã entraram em confronto e colocaram o planeta sob ameaça de uma nova guerra mundial Crédito: Reprodução/TV Globo

Mesmo diante dos alertas e apelos por parte da comunidade internacional, o conflito só se intensifica. As Forças Armadas do Irã lançaram um novo ataque com mísseis balísticos contra Israel na tarde desta sexta. Segundo o Exército israelense, ao menos 35 mísseis foram disparados contra as cidades de Haifa, Bersheeva e Tel-Aviv. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas.

Os ataques ocorreram em meio a negociações entre diplomatas iranianos e europeus que discutiram o programa nuclear do Irã e o futuro do conflito, em Genebra, na Suíça. Apesar da disposição em negociar, os principais líderes iranianos condicionam o sucesso das conversas ao fim das hostilidades de Israel, que lançou um ataque na semana passada com o objetivo de destruir o programa nuclear iraniano.

Com o agravamento do cenário no Oriente Médio, Suíça e Reino Unido anunciaram medidas para reduzir temporariamente sua presença diplomática no Irã. O Ministério das Relações Exteriores da Suíça informou que sua embaixada em Teerã foi “temporariamente” fechada, embora o país continue representando os interesses dos Estados Unidos no Irã. Já o governo britânico anunciou a retirada de seus funcionários diplomáticos como medida de precaução diante do agravamento da situação de segurança. Apesar disso, a embaixada britânica continuará operando remotamente, a partir de fora do país.

O receio de que o conflito ganhe proporções globais também está ligado à possibilidade de envolvimento dos Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, exigiu nesta semana a “rendição incondicional” de Teerã, em uma série de comentários belicosos que, em um primeiro momento, abriram espaço para interpretações de que os EUA poderiam se unir a Israel nos ataques ao Irã.

“Não vamos liquidá-lo (matá-lo!), pelo menos não por enquanto”, escreveu o presidente. “Não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos”, acrescentou Donald Trump, em publicação nas redes sociais.

Caso a guerra assuma dimensões mundiais, há risco de que seja ainda mais sangrenta do que as duas guerras anteriores, sobretudo pela presença de armamentos nucleares. Israel, por exemplo, é detentor do 8º maior arsenal nuclear do mundo, entre os nove países com essa capacidade. O número exato de ogivas nucleares em posse de cada nação é um segredo de Estado, por isso as análises se baseiam em estimativas.

Segundo especialistas, as armas nucleares são projetadas para causar o máximo de devastação. O alcance da destruição depende de diversos fatores, podendo ir desde o aniquilamento de cidades pequenas e médias até a destruição total de grandes metrópoles, como Nova York. Apesar de muitos testes nucleares e do aumento constante em sua complexidade e poder destrutivo, essas armas não são usadas em conflitos armados desde 1945.

*Com informação das agências

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