Padilha condena médicos que atacaram cubanos: “corredor polonês de xenofobia”

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lamentou a postura de cerca de 50 médicos de Fortaleza que, na noite de segunda-feira, 27, fizeram um corredor polonês para xingar e vaiar 79 médicos cubanos do programa Mais Médicos, do governo federal, que saíam de um curso na Escola de Saúde Pública do Ceará.

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“Foram atitudes truculentas, incitaram o preconceito e a xenofobia”, disse Padilha, que hoje visitou o líder do PR no Senado, Antonio Carlos Rodrigues (SP), para pedir apoio à medida provisória do Mais Médicos. “Eles (os médicos de Fortaleza) participaram de um verdadeiro corredor polonês da xenofobia, atacando médicos que vieram de outros países para atender a população apenas naqueles municípios onde nenhum profissional quis fazer atendimento”, disse Padilha.

Ele afirmou que o governo vai insistir no programa, tirando dele qualquer conotação ideológica e partidária. “Até porque o primeiro governo a buscar médicos em Cuba para atender no Brasil foi o governo do PSDB. Fernando Henrique era o presidente da República e o governador de Tocantins (Siqueira Campos, hoje no PSDB, que trouxe os médicos) era do PFL.”

Segundo Padilha, o governo recebeu apelos de todos os prefeitos, de partidos do País todo por médicos que possam trabalhar em seus municípios. Na manifestação em Fortaleza, os médicos locais gritaram: “Escravos”. A manifestação foi liderada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes.

O governo teve que pedir reforço policial quando os médicos brasileiros tentaram invadir o prédio, depois de cercar todas as saídas, obrigando os cubanos a permanecer por mais 40 minutos no saguão da escola, enquanto autoridades tomavam providências para evitar um conflito maior. A polícia acompanhou o protesto de perto, mas não interveio. Padilha disse ainda que o governo apresentará ao Tribunal de Contas da União (TCU) todos os documentos que forem pedidos para esclarecer a situação legal do Mais Médicos.

Quanto à situação trabalhista dos cubanos, ele disse que em 701 municípios do País nenhum médico se propôs a lá trabalhar, seja brasileiro ou estrangeiro. Então, disse o ministro, o governo recorreu à Organização Panamericana de Saúde, que cuidará dos contratos. Segundo Padilha, os cubanos que vão para as cidades que ninguém quis têm experiência em situações semelhantes, pois estão presentes em 58 países que recebem missões humanitárias de Cuba. Ele disse que esses médicos têm emprego garantido em seu país e que, aqui, por estarem numa situação diferente, vão até receber remuneração maior. (Estadão)

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