Pernambuco registra 3ª maior taxa de mortes violentas do País em 2023

Com taxa de 40,2 assassinatos para cada 100 mil habitantes, Estado só perde para o Amapá e Bahia. Dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Na contramão do País, que registrou queda das mortes violentas intencionais, Pernambuco teve aumento dos crimes contra a vida em 2023. Além disso, o Estado teve a 3ª maior taxa de assassinatos – perdendo apenas para o Amapá e a Bahia. Os dados constam no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18).

Ao todo, em 2023, Pernambuco somou 3.638 mortes. O aumento foi de 6,2% em relação ao ano anterior, que registrou 3.427 vidas perdidas. A taxa foi de 40,2 assassinatos a cada 100 mil habitantes.

No ano passado, 68% das vítimas tinham envolvimento com atividades criminais, sobretudo o tráfico de drogas. A guerra entre facções rivais especializadas no tráfico de drogas e homicídios tem se intensificado em municípios da Região Metropolitana – a exemplo de Jaboatão dos Guararapes e do Cabo de Santo Agostinho – e na capital. Tanto que o crescimento dos números se manteve no primeiro semestre deste ano.

No Cabo, 93 assassinatos foram contabilizados entre janeiro e junho de 2024. O aumento foi de 55% em relação ao mesmo período do ano passado. No Recife, subiram de 292 (em 2023) para 353 (2024). Crescimento de 20,8%.

Nas mortes violentas intencionais, estão inseridos os homicídios, latrocínios, feminicídios, lesão corporal seguida de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.

O governo do Estado diz que, além das operações de repressão qualificada, tem isolado líderes de grupos criminosos no sistema prisional para evitar que eles sigam mantendo contato com seus subordinados. Em maio e junho deste ano, houve queda das mortes em 9,5%. Mas o semestre fechou com aumento de 1,8%.

Além de Pernambuco, outros quatro estados tiveram aumento no número de mortes em 2023: Mato Grosso (8,1%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Amapá (39,8%).

AMAPÁ E BAHIA NA LIDERANÇA

O Amapá ficou na liderança entre os estados brasileiros com maior taxa de mortes, sendo 69,9 a cada 100 mil habitantes. O Estado registrou 513 assassinatos no último ano, contra 367 em 2022.

Os crimes estão concentrados nas cidades de Santana (atualmente a mais violenta do País e que é uma das principais rotas do tráfico internacional de drogas) e Macapá, capital do Estado. O Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), principais facções do Brasil, estão presentes no Amapá tentando ampliar espaços.

Já a Bahia, em segundo lugar, teve taxa de 46,5 mortes por 100 mil habitantes. Um dado interessante é que o Estado teve uma pequena redução dos crimes contra a vida. Saiu de 6.663, em 2022, para 6.578 no ano passado. Queda de 1,3%.

A Bahia, que vive uma guerra sangrenta entre facções, tem seis cidades entre as dez mais violentas do Brasil em 2023. Camaçari, por exemplo, é segundo município com mais crimes contra a vida.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado recentemente, destacou que pelo menos dez grupos criminosos disputam territórios no Estado, sobretudo pelo domínio do tráfico de drogas.

Além disso, o número de óbitos em ações policiais também é muito alto na Bahia. No ano passado, 1.699 suspeitos foram executados – o que representa 25,8% do total das mortes violentas no Estado.

PAÍS REGISTROU REDUÇÃO DAS MORTES VIOLENTAS INTENCIONAIS

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública destacou que 46.328 mortes violentas intencionais no País foram somadas no ano passado, o que representa 22,8 a cada 100 mil habitantes. Houve queda de 3,4% em relação a 2022, quando 47.963 pessoas foram assassinadas.

Para o coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, a queda, ainda que não seja tão expressiva, é motivo de comemoração, mas também, de alerta, uma vez que o Brasil segue sendo um país violento.

“É um feito importante para um país do tamanho do Brasil ter uma redução de 3,4% que, na verdade, se soma a uma tendência de redução que a gente vem acompanhando desde 2018. “, disse, em entrevista à Agência Brasil.

“Mas ainda é um número bastante alto. O Brasil tem aproximadamente 3% da população mundial, mas concentra 10% dos homicídios registrados no mundo. As nossas taxas de homicídio ainda mostram que o Brasil é um país extremamente violento”, completou.

Segundo o Anuário, a taxa de 22,8 mortes violentas a cada 100 mil habitantes é quase quatro vezes maior do que a mundial, que, segundo dados das Nações Unidas, é de 5,8.

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