Por que o Nordeste é Lula

Nem os anos de desgaste de imagem encampados pela mídia tradicional, nem as denúncias e nem a prisão abalaram a imagem do ex-presidente Lula no Nordeste que, mesmo diante das condições mais adversas, é líder de intenções de voto e mantém uma alta taxa de popularidade na região. Entenda os motivos:

Foto: Ricardo Stuckert

A menos de dois meses para o primeiro turno das eleições de 2018, mais de oito anos após deixar o poder, Lula segue sendo o maior fenômeno político do Brasil. Preso em Curitiba desde abril através de um processo controverso e criticado por juristas de todo o mundo, o presidente que deixou o Planalto com 87% de aprovação popular em 2010 é líder em todas as pesquisas de intenção de voto para o cargo mais alto do Executivo – em todos os cenários – mesmo impedido de participar de atos de pré-campanha, entrevistas ou debates.

Boa parte da força eleitoral de Lula, desde sempre, veio do Nordeste, considerada a região mais pobre do país. A imagem do retirante que veio para São Paulo ainda criança para fugir da fome do agreste pernambucano, onde nasceu, para se tornar líder sindical e o primeiro presidente da República sem diploma universitário, ainda representa muito política e simbolicamente para a população da região.

Nem os anos de desgaste de imagem encampados pela mídia tradicional, nem o ‘mensalão’ e o golpe de 2016 que atingiram em cheio seu partido, nem as denúncias e nem mesmo sua prisão foram capazes de abalar a imagem de Lula entre os nordestinos.

Lula em caravana pelo Nordeste (Foto: Ricardo Stuckert)

Alguns dados

Para se ter uma ideia, pesquisa recente de intenção de votos do DataPoder mostra que o petista lidera com folga as intenções de voto entre a população dos nove estados do Nordeste, com 56%. Outra pesquisa recente, da CUT/Vox Populi, caminha para o mesmo sentido e mostra Lula com 58% das intenções de voto entre os nordestinos. A nível de comparação, o segundo colocado neste último estudo é Ciro Gomes (PDT), que tem 8%.

O cenário é muito parecido com o da campanha de 2006 que reelegeu Lula à presidência para um mandato que resultou na maior aprovação que um presidente já teve na história do país. Por exemplo, em julho de 2006 uma pesquisa do Instituto Vox Populi apontava o petista com 66% das intenções de voto entre os eleitores de Pernambuco. Estudo do Instituto Datamétrica de junho deste ano, no mesmo estado, mostra Lula com 59% da preferência do eleitorado. Números muito próximos em pesquisas no mesmo estado com mais de 12 anos entre uma e outra. Ou seja, é como se Lula não tivesse sido preso e nem demonizado ao longo de todo esse período pela mídia. É como se nada tivesse acontecido para abalar a imagem do ex-presidente – ao menos no Nordeste.

E não é só nas intenções de voto que Lula segue inabalado entre a população nordestina. Sua popularidade, já confirmada nas pesquisas de intenção de voto, é reforçada nas pesquisas que medem a aprovação. Um estudo do Barômetro Político Estadão/Ipsos de julho do ano passado mostrava Lula com aprovação de 53% do eleitorado nordestino. Em dezembro, quando o petista já havia sido condenado em primeira instância, este número subiu para 73%. Popularidade parecida na região com a do ano em que deixou a presidência, em 2010, que era de 86%. Mais uma vez, parece que nada mudou.

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