Será que vale a pena entrar para vida pública ou se manter nela?

César Caúla – procurador geral do Estado de PE
César Caúla – procurador geral do Estado de PE

Defesa do interesse da sociedade

Por César Caula

O período em que estive à frente da Procuradoria Geral do Estado foi desafiador, cheio de obstáculos e tensões. A dimensão deles engrandeceu cada uma das vitórias conquistadas, todas decorrentes de trabalho árduo e coletivo. Obtive um ganho pessoal: aprimorei minha cidadania. E, nessa qualidade de cidadão, aprofundou-se minha convicção de que precisamos, como sociedade, reconhecer e estimular a atuação dos agentes públicos sérios, bem intencionados e qualificados.

A gestão pública é uma atividade exigente, penosa até em alguns momentos, em que os gestores precisam diariamente tomar decisões sobre questões relevantes e complexas, quase sempre contando com tempo mínimo e não tendo o volume ideal de informações. E tudo isso em um ambiente de permanente disputa política e de severo escrutínio público (ainda bem!), que aumenta as tensões. Quando se desvaloriza a atividade pública como um todo (ao ponto de quase criminalizar a política ou presumir má-fé em todos os atos), reduz-se a possibilidade de se atrair e manter quadros capazes de efetivamente contribuírem para o bem comum.

Não são tantos assim os profissionais verdadeiramente capacitados para as tarefas de gestão e a atividade política. Poucos dos habilitados se dispõem aos sacrifícios impostos. Se a esses parcos voluntários ainda se antepõem riscos pessoais excessivos, insuficiente reconhecimento público e incessante presunção de maus propósitos, teremos boas perspectivas de aprimoramento da gestão pública?

A Advocacia Pública tem um papel determinante a desempenhar. É tempo de dizer, parafraseando Sobral Pinto, que não é profissão para covardes. Temos preparo e instrumentos para contribuirmos para a efetiva viabilização das políticas públicas, para prestarmos assessoria que acresça segurança ao trabalho dos gestores, para encontrarmos soluções tecnicamente viáveis para os óbices à consecução dos objetivos públicos, para velarmos pela observância dos padrões legais sem perder de vista a efetividade das ações e para defendermos, em acepção ampla da palavra, a atuação daqueles que desenvolvem serviço público adequado.

César Caúla é procurador-geral do Estado

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