A comunidade das pessoas portadoras de surdez do Rio estava em festa na quarta-feira, no Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras. E não só porque era o Dia Nacional do Surdo. Mas também porque ainda estavam sob o impacto das homenagens feitas pelo Flamengo, na vitória de quarta-feira à noite sobre o Internacional, pelo Brasileiro.
Antes da partida, um vídeo foi exibido no telão do Maracanã com um professor do Ines ensinando o hino do clube em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Já ao fim do jogo, o técnico Jorge Jesus reproduziu o gesto que significa “Flamengo, eu te amo”.
— Nós nos sentimos importantes — afirmou o aluno Hugo Alves, do 2º ano do ensino médio, emocionado e vestido a caráter: — Primeiro foi o Gabigol (que na vitória sobre o Cruzeiro, no último sábado, fez o gesto de “hoje tem gol do Gabigol’), e agora o Jesus. Para quem é surdo e torce para o Mengão fez toda a diferença, porque nos enxergaram.
Tudo isso é reflexo de um projeto, chamado “Também sou Flamengo: sinto, vivo, amo”, que foi apresentado ao clube da Gávea pela pedagoga Viviane Pinheiro em maio. Pesquisadora da área de surdez, ela queria tornar acessível aos torcedores surdos o hino do Flamengo, promovendo maior inclusão e cidadania.
— Não há barreiras para quem torce e quem ama — disse ela, que apresentou o professor e intérprete surdo Ricardo Boaretto e a intérprete de Libras Karine Rocha ao time rubro-negro.
Cinco alunos do Ines, referência nacional na educação de surdos, foram escolhidos para visitar a equipe de Gabigol e cia antes da partida de quarta-feira. Ao chegarem ao Maracanã, foram recebidos com carinho e tiveram a oportunidade de ensinar alguns sinais para Jesus. Em retribuição ao gesto atencioso do português, os rubro-negros do Ines se reuniram ontem para demonstraram todo o seu amor pelo Flamengo em Libras.