Usuários da Farmácia de Pernambuco relatam falta de remédio para mal de Parkinson: ”não tem previsão de chegada”

Os pacientes contam com apoio da Associação de Parkinson de Pernambuco para continuar com o tratamento

Por: Adelmo Lucena, do Diário de Pernambuco
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Foto: TV Brasil
Pacientes diagnosticados com o mal de Parkinson e que fazem uso do medicamento Prolopa têm relatado que o remédio está em falta nas Farmácias de Pernambuco, de responsabilidade do Governo do Estado. A medicação, indicada para todos os estágios da doença de Parkinson, está em falta há cerca de um mês, segundo os usuários.
Um dos pacientes afetados pela falta do Prolopa é o professor aposentado Ronny Cisne, de 60 anos, que convive com o mal de Parkinson há oito anos e recebia quatro caixas do medicamento por mês. Na última encomenda, feita em dezembro de 2024, ele percebeu que havia menos caixas do que o solicitado.
“Eu tomo cinco tipos de remédios, são 15 comprimidos por dia. Os outros quatro eu recebi normalmente, mas o principal, que é o Prolopa, não. Se eu parar de tomar, vou ficar com tremores e ficar lento. Eu liguei pra lá (para a  Farmácias de Pernambuco) e eles disseram que não tem previsão de chegada”, relata.
Ronny Cisne encomenda o medicamento na Unidade Metropolitana da Farmácia de Pernambuco, no bairro da Boa Vista, no Recife. Segundo o aposentado, nenhum prazo sobre o reabastecimento do estoque foi informado a ele.
“Eles dizem que o remédio está em falta, que não tem previsão de chegar. Eles não explicam o porquê que faltou, o que que tá sendo feito, sabe? Essas explicações deixariam a gente mais tranquilo. Falta clareza na hora de explicar”, afirma.
O mal de Parkinson é uma doença neurológica degenerativa que afeta os movimentos do corpo. O paciente pode desenvolver tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldade de equilíbrio e alteração na fala e na escrita. Foi através da mudança na assinatura que Ronny Cisne percebeu que poderia ter Parkinson.
Outro paciente que depende da Farmácia de Pernambuco para adquirir a medicação é Rafael Laurentino Gomes, de 37 anos. Ele, assim como Ronny Cisne, recebe apoio da Associação de Parkinson de Pernambuco (ASP-PE) para conseguir o remédio.
“A gente está se ajudando. Um paciente que tem o remédio sobrando ou comprado acaba dividindo com o pessoal. Eu tomo cinco caixas de Propola por mês e se eu ficar sem o remédio eu fico sem conseguir andar direito, parece que estou com 50 quilos nas costas, fico com um no maxilar e não consigo fazer as coisas do dia a dia”, relata o ex-estoquista, que precisou se aposentar por conta da doença.
De acordo com Amilton Araujo, associado e presidente da Associação de Parkinson de Pernambuco, o Prolopa “é de suma importância para nós parkisonianos. Ele é que repõe a dopamina no nosso organismo e ajuda a melhorar todos os sintomas do parkinson. Melhora o tremor, a lentidão e a rigidez. É este medicamento que nos trás qualidade de vida. Arrisco a dizer que 95% dos parkisonianos fazem uso desse medicamento. Por isso é indispensável que a farmácia do estado tenha o estoque dele”.
Segundo o presidente da Associação, em torno de 25 a 30 associados não receberam o remédio em janeiro.
O que diz a Secretaria de Saúde
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde, por meio da Diretoria de Assistência Farmacêutica, informou que”está em tramitação um processo de aquisição referente ao medicamento Prolopa (Levodopa + Benserazida – 200 mg 50 mg), visando à manutenção do estoque da Farmácia de Pernambuco”.
Segundo a pasta, a Farmácia de Pernambuco continua orientando os pacientes a consultarem seus médicos para possíveis ajustes terapêuticos, frente ao elenco dos medicamentos disponíveis no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de favorecer a continuidade do tratamento.

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