Vasco pega o Goiás feliz por ato trabalhista e depende do time para honrar compromisso

Luxemburgo e Castan são pilares da reconstrução que o Vasco tenta
Luxemburgo e Castan são pilares da reconstrução que o Vasco tenta Foto: Rafael Ribeiro
Bruno Marinho

Pressionado pela falta de fluxo de caixa para pagar salários, o Vasco ganhou uma boa notícia no fim da noite de sexta-feira, quando teve deferido pelo Tribunal Regional do Trabalho do Rio o pedido para entrar em um novo ato trabalhista. Se a bola entrou fora de campo, ela precisa agora balançar as redes do Serra Dourada. Neste domingo, às 19h, a equipe de Vanderlei Luxemburgo encara o Goiás precisando de uma vitória para finalmente se desgarrar da zona de rebaixamento do Brasileiro.

A gestão Campello depende do triunfo nas duas frentes para respirar mais aliviada. A cobrança por resultados é grande, assim como a asfixia causada pelo passivo milionário. Uma das dívidas que mais pesam sobre o clube é justamente a trabalhista, que a diretoria espera resolver a partir de agora. Com a assinatura do desembargador José de Fonseca Martins Junior, 494 ações contra o clube foram concentradas numa só. São nada menos que R$ 125.064.079,64 parcelados em seis anos, com pagamentos de R$ 2 milhões por mês, livrando o clube do risco de bloqueios e penhoras por causa dessa dívida — o ato não vale para passivos na esfera cível. O contrato de direito de transmissão dos jogos foi usado como garantia. Mas é aí que o bastidor e o campo e bola se cruzam.

A diretoria conta com um dinheiro da TV que só será possível de o clube receber caso permaneça na primeira divisão este ano. Uma queda faria com que o Vasco sofresse uma redução orçamentária de, no mínimo, R$ 27,2 milhões em 2020.

Trocando em miúdos, os jogadores possuem o futuro de um Vasco que tenta se reestruturar nas mãos, como o técnico Vanderlei Luxemburgo tem enfatizado nas preleções motivacionais. O Goiás, adversário em declínio na tabela, desponta como uma boa oportunidade para a equipe acabar com o jejum de vitórias fora de casa no Brasileiro – a última vez foi contra o Cruzeiro, em novembro de 2017.

Com quatro pontos de vantagem em relação à zona de rebaixamento no começo da rodada, eles ainda têm gordura para queimar, mas precisam somar mais pontos o quanto antes. Tanto para garantir o cumprimento do novo ato trabalhista quanto a promessa feita pelo presidente Alexandre Campello ao treinador.

Com dois meses de salários atrasados e quatro de direito de imagem, a palavra do dirigente é de que o Vasco conseguirá quitar toda a dívida com o elenco ao fim da temporada. Entra na conta da diretoria o recebimento de no mínimo R$ 11,2 milhões em dezembro, referentes à premiação pela 16ª colocação no Brasileiro. Quanto mais bem colocada a equipe terminar a competição, mais fácil para o clube fazer o combinado. Em caso de rebaixamento, nada entrará nos cofres de São Januário e a situação financeira ficará ainda mais complicada.

Cofres continuam vazios

O novo ato trabalhista, apesar de dar esperança para o futuro, não muda a realidade do clube a curto prazo, de penhoras e cofres vazios para arcar com compromissos mais básicos. Sem dinheiro no caixa, novas dívidas se acumulam, inclusive trabalhistas, e de nada adianta o novo ato.

Era o caso, por exemplo, do passivo de três meses com os professores do Colégio Vasco da Gama. Sorte que torcedores fizeram vaquinha online e arrecadaram em dois dias R$ 70 mil para que a greve fosse desfeita. Só falta mesmo a bola entrar. No momento, é o que mais importa.

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