Vereador mais votado de Bodocó revela suas preocupações com o município

José Andrade

Grazzielli Brito – Ação Popular

José Andrade é exemplo de pessoa que não desiste da luta diante dos percalços em busca de seus ideais. Em 2008, disputou uma das nove vagas na Câmara Municipal de Bodocó, Pernambuco, e foi o décimo candidato mais votado, ou seja, não conseguiu seu mandato por bem pouco. O que para muitos seria frustrante, fez com que ele tomasse novo fôlego e em 2012 concorreu novamente. Desta vez, a abertura de mais quatro vagas nem foram necessárias porque entre os treze eleitos, Zé Andrade ficou em primeiro, com 1.140 votos.

Eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT) falou sobre suas aspirações no legislativo. “Não existe um país desenvolvido sem boa qualidade na educação, a partir da educação agente desenvolve as outras áreas, eu foco muito na gestão educacional. E sei que o município passa dificuldades nesse aspecto, existem áreas descobertas de educação e saúde também, a região da serra é distante e fica descoberta dos serviços básicos, ficou excluída pelo poder público”, em relação à Câmara disse perseguir alguns sonhos como reformulação da lei orgânica e do regimento interno, para que possa haver maior participação popular no legislativo e no Governo.

Como não poderia deixar de ser, na sua condição de produtor, tem grandes preocupações com a zona rural do município e com a estiagem que castiga o bodocoense. “Falando pelas pessoas da minha região, do semiárido, digo que estamos em momentos muito difíceis. Bodocó, por exemplo, é uma cidade voltada para a pecuária, somos a primeira cidade na produção leiteira da região do Araripe e terceira do Estado, mas hoje vejo o nosso rebanho dizimado, isso por falta de alimentação, por falta de água e vem trazendo uma repercussão negativa para nossa cadeia produtiva. Existem programas do governo federal e estadual de distribuição de cana para ser distribuída no sertão, distribuição de cisternas, mas são medidas paliativas não resolvem o problema, e ainda assim vieram de uma pressão feita pela sociedade”.

Nesse quadro de seca e sofrimento encontram-se cerca de 20 mil pessoas do município. “Essas ‘ajudas’ do governo, como o Garantia Safra, contribuem de certa forma, mas não impactam de verdade no grande problema da seca. Tem sido uma contribuição muito pequena. A gente fica angustiado com essa situação, mas reconheço a importância desses programas. Lembro de anos mais difíceis em que existiam ameaças e saques em feiras. A situação do nordestino seria ainda mais crítica . Já o governo municipal de Bodocó não fez nada, cruzou os braços”.

Como sugestões de ações que impactariam de fato no combate ao sofrimento trazido pela seca, o vereador eleito diz que é preciso planejamento e assistência técnica para o produtor. “A seca sempre vem, a gente tem que aprender a conviver com ela para ter menos sofrimento”.

A questão ambiental foi lembrada por Zé Andrade. “A maneira como o lixo é descartado é um problema ambiental sério. O esgoto é outra situação que precisa ser vista, porque tem muita sujeira no nosso município, e aquela tubulação antiga no centro da cidade, estourando. Tudo isso são problemas ambientais para nossa gente, isso trás doenças e muitas preocupações à saúde pública”, disse.

Sobre o projeto de lei do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) que pretende acabar com a remuneração de vereadores nos municípios com menos de 50 mil habitantes disse que isso fere a constituição brasileira que assegura independência dos três poderes. “Dessa forma o legislativo ficaria subjulgado pelo executivo, porque ele teria que financiar a Câmara. Existem outras formas de participação voluntária, como por exemplo, os conselhos paritários”, defendeu dizendo ainda que, desde 91, quando foram criados, participa de conselhos paritários em Bodocó, dando vazão a participação popular junto aos governos

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