Apareceu o dinheiro do Manifesto Juntos e isso importa muito

Por: Leonardo Attuch

Paulo Lemann e Neca Setúbal
Paulo Lemann e Neca Setúbal (Foto: Reuters | BrasilemRede)

Follow the money… Pois bem, de onde vem o dinheiro que financia o Manifesto Juntos, movimento que, segundo os jornais da mídia corporativa, poderá recriar no Brasil um clima de Diretas-Já? Uma reportagem desta quarta-feira do jornal Estado de S. Paulo, traduzida ao público pelo 247, revela que entre os seus patronos estão legítimos representantes da oligarquia brasileira, como os bilionários Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev, e Maria Alice Setúbal, herdeira do Itaú.

Bom, mas que mal há em ter empresários dispostos a apoiar a “democracia” no Brasil? Em tese, não haveria mal algum se o dinheiro também não determinasse a agenda desta mesma democracia. É uma agenda ampla, geral e irrestrita, que contempla o povo e permite que todos os cidadãos brasileiros, como ex-presidente Lula, tenham o direito de votar e ser votados? É também uma agenda que respeita o voto popular, como o que foi conferido à ex-presidente Dilma Rousseff, golpeada em 2016? Ou é uma democracia de fachada controlada pelos oligarcas?

A julgar pelo ativismo político dos financiadores do Juntos, a desconfiança é legítima. Foi na fundação Lemann, de Jorge Paulo Lemann, que se registrou o domínio do “Vem pra rua”, organização criada para impulsionar os protestos golpistas contra Dilma. Neca Setúbal, que tem atuação reconhecida no campo da educação, sempre foi uma das principais apoiadoras de Marina Silva e é herdeira de um banco que também apoiou o golpe de 2016. A eles, patronos do “Pacto pela Democracia”, responsável pelo manifesto, junta-se também uma ONG dos Estados Unidos, a National Endownment for Democracy, que está associada a golpes suaves, em várias regiões do mundo.

É natural que muitos estejam desesperados com o risco representado por Jair Bolsonaro, personagem comparado a Adolf Hitler pelo decano do Supremo Tribunal Federal e que faz citações literais de Benito Mussolini. O Brasil pode estar a um passo da destruição completa, ameaçando os ganhos da própria oligarquia nacional, como aconteceu com a Alemanha nazista. Mas se os bilionários querem mesmo resgatar a democracia, eles devem antes reconhecer o que fizeram no verão passado e propor uma repactuação que contemple todos os atores políticos e sociais. Sem isso, não haverá unidade no país.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *