Bailarina trans que morou na rua diz que sofreu preconceito

May Eassy: bailarina combate preconceito com dança Foto: reprodução/Facebook
Carol Marques

A dança entrou na vida de Pablo Antunes para mudar seu destino e ajudá-lo a encontrar May Eassy. É este seu nome agora. Nascida e criada na Vila Cruzeiro, comunidade que pertence ao Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, a transexual sequer sabia o que significava a palavra quando começou a rodopiar pelas vielas da favela. “Tinha 6 anos quando comecei a dançar na rua mesmo”, conta ela, aos 22 anos, uma das bailarinas do Grupo Suave, que acaba de estrear o espetáculo Cria no Espaço Sergio Porto: “Combato o preconceito com minha arte. Dançar me ajudou a entender quem eu sou e ser aceita”.

May Eassy: bailarina
May Eassy: bailarina Foto: reprodução/Facebook

Mas até chegar a este estágio, May passou por situações que fariam muita gente desistir. Os pais não entendiam o jeito afeminado do filho e dança, para eles, era uma bobagem. “Eles me diziam que eu tinha que fazer algo que desse algum dinheiro”, recorda May. Era no hip hop e no balé que o então garoto se encontrava. “Me olhava no espelho e não me via no corpo de um menino. Já era muito feminino quando criança e passei a pesquisar o que podia ser aquilo”, diz.

May Eassy: estreia no Rio
May Eassy: estreia no Rio Foto: reprodução/Facebook

Aos 15 anos assumiu para os pais que era gay. Foi um drama. Um ano depois começou a transformação. “Passei a tomar hormônios e a me travestir”, relembra. Foi nessa época que o pai morreu. “Ele me aceitava mais que minha mãe, que hoje é minha melhor amiga. Dei uma surtada e saí de casa”, justifica.

May Eassy do Grupo Suave
May Eassy do Grupo Suave Foto: reprodução/Facebook

May passou algumas noites na rua. “Ficava ali por Olaria e Bonsucesso nas praças. Passava a noite acordada e de manhã ia para a casa de algum amigo”, explica. Foi quando apareceu um teste para uma companhia de dança. May passou, mas nõa tinha para onde ir. Um produtor a acolheu.

May Eassy na Vila Cruzeiro
May Eassy na Vila Cruzeiro Foto: reprodução/Facebook

Dali para frente, a bailarina se especialisou no Passinho e tornou-se conhecida. Inclusive na comunidade que a rejeitou na infãncia e adolescência. “Me chamavam de bicha pão com ovo, de mariquinha. Era bem cruel. Hoje todo mundo me respeita e já fui homenageada onde eu moro”, orgulha-se.

May Eassy em ação no palco
May Eassy em ação no palco Foto: reprodução/facebook

May voltou a morar com a mãe e deve ao passinho algumas conquistas. Conheceu países como França e Alemanha, onde se apresentou, e se espelha em Beyoncé e Pabllo Vittar. “Dizem até que a gente se parece”, observa May, que é tão alta quanto sua xará: “Tenho 1,92m e isso também assusta um pouco quando rola um teste de dança. Com salto fico com mais de 2m e não saio dele nem morta”.

May Eassy tem 1,92m
May Eassy tem 1,92m Foto: reprodução/Facebook
May Eassy: dizem que ela se parece com Pabllo Vittar
May Eassy: dizem que ela se parece com Pabllo Vittar Foto: reprodução/instagram
May Eassy: bailarina do passinho

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