Cidade Universitária é refém da insegurança

Área Integrada de Segurança a qual o bairro pertence assistiu ao aumento de mais de 30% no número de roubos e furtos

Adaíra Sene

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Para inibir as ocorrências, a UFPE tem 316 agentes de segurança que atuam desarmados e 191 vigilantes terceirizados

Moradores, comerciantes e estudantes da Cidade Universitária, no Recife, têm dividido a rotina de trabalho e livros com o medo. Reféns da insegurança, eles denunciam o crescimento do número de furtos e roubos dentro e fora do campus. De acordo com a Secretaria de Defesa Social, a Área Integrada de Segurança a qual o bairro pertence assistiu ao aumento de mais de 30% nesse tipo de ocorrências. Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 3.816 crimes violentos contra o patrimônio. No mesmo período do ano passado, foram 2.899.

A insatisfação ultrapassou os boletins de ocorrência e ganhou voz através das redes sociais. No grupo da Universidade Federal de Pernambuco no Facebook, os alunos intercalam depoimentos das violências sofridas com alertas. Na última sexta, Daniel Benko foi o alvo. “Sofri um assalto hoje (sexta) pela manhã, por volta das 10h30, na parada de ônibus do Bar da Kelly. Dois homens passaram olhando e, depois de cinco minutos, voltaram com um revólver e pediram o celular”, desabafou. “Eu estava sozinho na parada, mas três pessoas que estavam no bar viram o assalto. Cada dia a gente se sente menos seguro nessa universidade”, lamentou. A publicação teve mais de 470 curtidas e rendeu 41 comentários.

A Cidade Universitária fica enquadrada na Área Integra da Segurança 04, zoneamento criado pela SDS para articular o policiamento ostensivo. A região abraça a Várzea, Areias, Barro, Bongi, Afogados, Caçote, Caxangá, Coqueiral, Curado, Engenho do Meio, Estância, Ilha do Retiro, Jardim São Paulo, Jiquiá, Mangueira, Mustardinha, Prado, San Martin, Sancho, Tejipió, Torrões, Totó e UR-7. No perímetro, além do crescimento de 31,6% nos crimes contra o patrimônio, também foram registrados 93 homicídios e latrocínios entre janeiro e junho deste ano. Ano passado, foram 98.

E, em meio às denúncias, os estudantes também pedem cautela. “Fui assaltada no ônibus Barro/Macaxeira. Os assaltantes estavam armados, levaram a maioria dos celulares e relógios dos passageiros, além do dinheiro da cobradora. Por favor, tomem cuidado. Esse assalto poderia ter sido com algum de vocês. Não reajam. Celular é objeto material que se compra com o tempo. A vida, não. Só temos uma”, aconselhou a estudante Maria Dutra, outra vítima da insegurança. O arrastão no coletivo aconteceu no último dia 19.

A Polícia Militar de Pernambuco informou que a região é salvaguardada pelo 12º Batalhão. Através da assessoria de imprensa, foi informado que uma equipe da Patrulha do Bairro faz a segurança na Cidade Universitária. Os policiais podem ser acionados através do número 9 8494-3082. Ainda há rondas da Companhia Independente de Policiamento com Moto (CIPMoto) e ações do Grupo de Apoio Tatico Itinerante (Gati). A PM também orientou a população a evitar a exposição de equipamentos eletrônicos ou objetos de valor, bem como registrar, junto à Polícia Civil, as ocorrências. A UFPE, por sua vez, ressaltou que pediu reforço no patrulhamento nos horários de chegada e saída dos estudantes.

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Nas redes sociais, alunos da UFPE intercalam depoimentos das violências sofridas com alertas

UFPE aposta na tecnologia para reduzir número de roubos

Para inibir as ocorrências no campus, a Universidade Federal de Pernambuco tem 316 agentes de segurança que atuam desarmados. O trabalho é reforçado por outros 191 vigilantes terceirizados que fazem os patrulhamentos motorizados e com armamentos. Ainda há 20 câmeras de monitoramento espalhadas entre os centros de ensino. Os números, no entanto, ainda são tímidos considerando a população fixa (servidores e alunos) da instituição. Em média, 50 mil pessoas circulam diariamente no campus. O esquema deve ser aperfeiçoado com aposta em tecnologia e ações colaborativas até o fim do ano.

“Precisamos de um método de segurança diferenciado. Está em processo de licitação imediata, a compra de 242 câmeras modernas. A sala de videomonitoramento já foi construída e também vai receber equipamentos novos”, adiantou o superintendente de Segurança da UFPE, Armando Nascimento. O sistema será interligado à Secretaria de Defesa Social e à Superintendência de Polícia Federal. O projeto já foi desenvolvido e o edital deverá ser lançado nos próximos dias.

Outra novidade será a mudança no controle de acesso. A instituição vai abolir o uso dos cartões. “Assim que o carro entrar, o sistema, que é composto por câmeras que identificam placas e modelo dos veículos, vai detectar se consta alguma queixa”, explicou Armando Nascimento. “Antigamente, nós tínhamos muitos problemas de roubos dentro do campus com uso de moto, os cartões reduziram bastante. Com o novo método, vai ficar ainda mais eficaz”, esclareceu.

Segundo o superintendente de segurança, entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 12 roubos e furtos dentro do campus. Outros quatro roubos foram notificados nas paradas de ônibus nas calçadas do entorno do campus. Ano passado, foram registrados 11 dentro do campus e 18 nas calçadas.

Fonte: Diário de Pernambuco

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