Ex-presidente de clube que revelou Dani Alves vira fotógrafo e vai à coletiva do lateral na seleção

Carlos Humberto, ex-presidente do Juazeiro
Carlos Humberto, ex-presidente do Juazeiro Foto: Igor Siqueira
Igor Siqueira

Na primeira fileira de cadeiras da coletiva da seleção brasileira neste domingo, em Salvador, um rosto familiar para Daniel Alves aguardava a chegada do jogador para a conversa com os jornalistas. A função executada não era mais aquela dos tempos em que o jogador era um garoto do sub-20, sonhando em ir longe no futebol. O homem que assinou a venda do lateral-direito do Juazeiro para o Bahia agora usa credencial de imprensa e câmera fotográfica. Um cenário que o próprio Carlos Humberto de Sousa não imaginava para a vida dele.

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia, Carlos Humberto foi presidente do Juazeiro Social Clube entre 1995 e 2002. Foi nesse período no interior que Daniel Alves despontou no clube e chamou a atenção do Tricolor de Aço. Atualmente com 66 anos, ele se formou em Jornalismo aos 60, alcançando um sonho de infância que ficou reprimido por anos.

– Meu pai dizia que era coisa de vagabundo – contou o fotógrafo.

Uma história peculiar une Daniel e Carlos. O jogador já estava em um ônibus, a caminho da capital, para fechar com o Bahia quando assinou o primeiro contrato profissional com o Juazeiro. Se o documento, firmado de última hora, não existisse, haveria problemas burocráticos.

– Foram contratar outro jogador e eu vim no pacote. Foi uma história engraçada. Eu não tinha contrato em Juazeiro, fui assinar no ônibus, porque senão não teria ajuda de custo no Bahia. Assinei no caminho para a federação para poder ganhar os R$ 60. Pode não parecer muito, mas ajudou muito a minha família. Esse tipo de história é inspiradora, ensina a não deixar de acreditar – contou Daniel Alves.

Carlos Humberto conta que quem alertou o Bahia sobre Daniel Alves foi o técnico de Juazeiro à época, Zé Carlos Queiroz, que também era funcionário do time da capital. A indicação foi certeira, e a transferência custou R$ 10 mil. Desse montante, 15% ficaram com o jogador e sua família.

– Foi o primeiro dinheiro que o futebol trouxe para família do Daniel – cita o ex-presidente.

Longe da vida de dirigente e credenciado para a Copa América, Carlos Humberto já cobriu Copa das Confederações e a Copa do Mundo, todas em território brasileiro. O profissional da imprensa foi notado por Daniel durante a coletiva.

– É um grande de Juazeiro. Antes era o contrário. Ele estava palestrando e sendo entrevistado. Agora, os papéis mudaram. É uma pessoa que eu respeito muito. Todas as pessoas que fizeram com que o futebol juazeirense crescesse de alguma coisa eu sou muito grato. Geram oportunidades e através do futebol, pessoas como o Carlos abrem um horizonte de possibilidades – disse o lateral-direito da seleção.

A relação com a família do jogador ainda permanece. Não é incomum ver o pai de Daniel Alves jogando dominó na porta do estádio em Juazeiro, mesmo na fase abastada, com o filho ganhando dinheiro mundo a fora.

Numa tentativa de apelar ao lado sentimental de Daniel, Carlos fez a última pergunta da coletiva deste domingo. Um pedido que vai ser difícil de ser atendido: a volta do lateral, ainda que seja por um curto momento, ao clube que o revelou.

– Isso aí é chão para mim, hein. Mas nunca digo nunca. Você nunca sabe com o que se depara na vida – respondeu o capitão da seleção brasileira, atualmente com 36 anos.  (Extra)

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