Exercícios e alimentação equilibrada fecham o cerco contra o diabetes

Praticar exercícios físicos e seguir dieta equilibrada, entre outros cuidados, reduzem em 70% a chance de surgimento da doença e amenizam complicações clássicas em diabéticos, como problemas cardiovasculares


 Paloma Oliveto
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Bons para o coração, hábitos saudáveis, como fazer exercícios, manter um peso adequado, ter uma dieta equilibrada, controlar colesterol, pressão sanguínea e glicose, além de não fumar, também reduzem em 70% a chance de desenvolver diabetes em 10 anos. Essa foi a conclusão de um estudo com 7.758 pessoas conduzido pela Universidade de Ohio (EUA) e publicado na revista especializada Diabetology. O resultado sai na mesma semana em que a Sociedade Europeia de Cardiologia divulga, no European Journal of Preventive Cardiology, um posicionamento defendendo que pessoas com diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares façam atividades físicas para diminuir o risco de morrer de problemas como infarto e acidente vascular.
“A principal causa de morte nos pacientes de diabetes 2 são as doenças cardiovasculares”, comenta o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Rodrigo Moreira. “Todo paciente de diabetes tem grande predisposição para dislipidemia, hipertensão e aterosclerose, condição que causa infarto e AVC”, explica. Segundo ele, isso acontece porque a doença crônica não altera apenas a glicose, mas também interfere no colesterol e na pressão arterial, entre outros. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 16 milhões de pessoas sofrem de diabetes no Brasil. No país, a incidência da enfermidade aumentou 62% em uma década.
O endocrinologista Joshua J. Joseph, professor-assistente do Wexner Medical Center da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, pesquisa formas de prevenir o surgimento do diabetes. O trabalho mais recente do especialista, publicado na Diabetology, investigou como a saúde cardiovascular pode afetar o risco da doença crônica. A equipe avaliou 7.758 participantes no estudo REASons for Geographic and Racial Differences in Stroke (Razões para diferenças geográficas e sociais no derrame) e utilizou o programa Life’s Simple 7, da Associação Norte-Americana do Coração, como um guia para medir a saúde cardíaca entre os pacientes do grupo.
O programa consiste na adoção de comportamentos associados à saúde cardiovascular: atividade física, dieta, peso, colesterol, pressão sanguínea, taxa de glicose e uso de tabaco. No geral, os participantes que estavam na faixa ideal recomendada para pelo menos quatro dos sete fatores tiveram risco 70% menor de desenvolver diabetes em 10 anos. Segundo Joseph, a pesquisa prova que adotar estratégias de prevenção desde cedo é fundamental para ajudar a população a evitar o diabetes. “As pessoas saudáveis precisam trabalhar para se manterem saudáveis. Siga as orientações. Mantenha níveis adequados de glicose e, caso dos pré-diabéticos, busque formas de evitar que a condição evolua. Nesse caso, são necessárias intervenções de alta intensidade, concentradas em atividade física e dieta para promover a perda de peso. Medicamentos também podem reduzir o risco”, afirma.

Funções desreguladas

Os exercícios físicos não são importantes apenas para a prevenção da doença. Quem já é diabético pode se beneficiar dessas atividades, conforme a Sociedade Europeia de Cardiologia. “Pacientes com diabetes 2 sofrem de desregulação de uma variedade de funções cardiovasculares e metabólicas, incluindo disglicemia, dislipidemia, hipertensão arterial, obesidade e uma aptidão cardiorrespiratória reduzida. O treinamento físico tem o potencial de melhorar muitas dessas funções, como sensibilidade à insulina, perfil lipídico, reatividade vascular e habilidade cardiorrespiratória, particularmente em pacientes com comorbidades cardiovasculares, pessoas que sofreram de infarto agudo do miocárdio ou uma intervenção coronária, como revascularização do miocárdio”, diz o artigo publicado no European Journal of Preventive Cardiology.
O presidente da Sbem, Rodrigo Moreira, lembra que o programa de exercícios deve ser personalizado e sempre feito após a orientação do médico. “De forma geral, o ideal é a combinação de atividades aeróbicas e de resistência, mas a prescrição deve ser individualizada”, diz. “A dieta e o exercício são os pilares do tratamento do diabetes 2. A glicose alta funciona como um combustível do corpo, especialmente dos músculos. Quanto mais exercícios, mais o corpo consome glicose. Por isso, a atividade física é tão importante quanto qualquer medicamento”, afirma.
“A dieta e o exercício são os pilares do tratamento do diabetes 2. A glicose alta funciona como um combustível do corpo, especialmente dos músculos. Quanto mais exercícios, mais o corpo consome glicose”
Rodrigo Moreira, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem)
 
62%: aumento dos casos de diabetes no Brasil em uma década, segundo a
Organização Mundial da Saúde. Hoje, há 16 milhões de pessoas com a doença

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