‘Lula pode moderar, a esquerda tem que radicalizar’, diz analista político Rudá Ricci

O cientista político Rudá Ricci reforçou que não é função do ex-presidente caminhar em direção à esquerda. Segundo o analista, o campo progressista está se equivocando ao exigir de Lula posturas de esquerda e se opondo a ele quando ele não se posiciona dessa forma. “Lula está jogando e não erra uma”, defendeu

Cientista político Rudá Ricci e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Cientista político Rudá Ricci e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)
 

Por Camila Alvarenga, Opera Mundi – No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (11/10), o jornalista Breno Altman entrevistou o cientista político, autor e presidente do Instituto Cultiva de Minas Gerais, Rudá Ricci.

Pensando nas eleições de 2022, e na atual discussão sobre a necessidade de Lula se mover em direção ao centro para poder governar enquanto outros defendem uma radicalização do programa do petista, ele foi categórico: “Lula pode moderar, mas a esquerda tem que radicalizar”.

Segundo o cientista político, o campo progressista está se equivocando ao exigir de Lula posturas de esquerda e se opondo a ele quando ele não se posiciona dessa forma, pois o ex-presidente “é de centro e não tem problema ele ser de centro”..

“Lula está jogando e não erra uma. Nós não temos que encher o saco dele, temos que definir o nosso papel sem ser oposição a ele, porque é ele que abre espaço para a gente”, defendeu.

Posicionando-se dessa forma, Ricci avaliou que Lula está construindo uma imagem para, na prática, destruir a terceira via, que já não tinha respaldo suficiente na sociedade para se colocar como alternativa à polarização Lula-Bolsonaro.

“O Brasil é um país rico a nível econômico, mas é um dos mais desiguais do mundo. Isso gera um profundo sentimento de ressentimento, o que significa que a massa do eleitorado brasileiro, em situações normais, vota no candidato antissistêmico, que é Lula ou Bolsonaro. A terceira via é a elite, é liberal, do escárnio contra a população, então o eleitor não tem nenhuma empatia com esse pessoal”, explicou.

Resultado disso, de acordo com o cientista político, é a massa de evangélicos, tradicionalmente conservadora, que está começando a apoiar o ex-presidente, mas que não apoiaria o Partido dos Trabalhadores.

Diante desse cenário, Ricci refletiu sobre qual deveria ser a tática eleitoral de Lula, que não pode ser tão linear de modo a apenas caminhar em direção à direita, já que “não se pode pensar a campanha só para 2022, mas para 2023”.

“A questão é, Lula tem que esvaziar a terceira via, mas com quem ele vai governar? Vai colocar de novo no governo as pessoas que o levaram à cadeia? Se fizer isso, ele vai ficar de mãos atadas em 2023, vai aumentar o cacife da direita no governo dele, para quem vai ter que ceder, porque vai encontrar tensão desde o primeiro momento”, ponderou.

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