Opinião: Sob o açoite da bajulação

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Um secretário de Justiça e Direitos Humanos que bate em mulher não pode continuar no cargo. Honrando ao mandato que recebeu dos pernambucanos, o governador Paulo Câmara (PSB) aceitou, ontem, o pedido de exoneração de Pedro Eurico depois que a sua ex-mulher Maria Eduarda Marques fez denúncias de agressões físicas e mentais, por parte dele, ao NE-TV, da Globo. Foram revelações gravíssimas, que chocaram a sociedade e expôs o Governo. Não tinha como proceder diferente.

“Ele me batia, dava murro, dava chute. A vida inteira. Ele sempre me bateu”, revelou Maria Eduarda, adiantando que, apesar de ter tentado se separar, acabava retomando o relacionamento. Agora, resolveu falar com a imprensa, segundo ela, “com medo de morrer”. “Eu não tinha mais condições de continuar vivendo do jeito que eu estava vivendo, sendo ameaçada, sendo perseguida”, destacou.

No depoimento, chega a dizer que sentiu estar muito próxima da morte. “Por conta disso, resolvi falar para que não apareça depois apenas a notícia: ela morreu. Eu gostaria apenas de viver. Muita vontade de viver ainda”, declarou. Maria Eduarda contou, ainda, que Pedro Eurico vinha fazendo mais ameaças nos últimos tempos, com insinuações sobre o que poderia fazer com ela.

“Ele me acordava de madrugada dizendo que eu saísse de casa naquela hora porque ele tinha acabado de sonhar que me matava. Outro dia, ele dizia que ia acontecer um acidente, ia aparecer um acidente e ninguém ia desconfiar que era ele que tinha mandado fazer alguma coisa”, afirmou. Procurado pela TV Globo, o secretário preferiu não gravar entrevista.

Disse, em nota, que as “denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima”. E depois pediu demissão do cargo. Pedro Eurico de Barros e Silva é uma dessas figuras públicas que viveu a vida inteira à sombra do poder sem que se tenha explicações. Isso vem desde o Governo Arraes.

Antes de virar gestor, foi vereador do Recife e deputado estadual, chegando, pasmem, à presidência da Assembleia Legislativa no biênio 1995-1996. No segundo governo Miguel Arraes (1987 a 1990), comandou a Secretaria de Habitação. Na era Jarbas, comandou a Secretaria Estadual da Criança e da Juventude e já com Eduardo Campos foi para a pasta de Justiça e Direitos Humanos, onde estava até então. Um currículo rico, alcançado sob o açoite da subserviência e da bajulação, agora destruído com a rapidez de um castelo de areia.

Por: Magno Martins

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