Renan: ‘Janot é mau-caráter’

Novo trecho da delação de Sérgio Machado compromete o presidente do Senado

 
Renan Calheiros, presidente do Senado

Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado

Rio – Novos diálogos da bombástica delaçãopremiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado trazem à tona a preocupação e os ânimos exaltados dos políticos diante dos avanços da Lava Jato. Em uma das conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), os dois revelam suas impressões sobre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por conduzir as investigações contra os políticos.

O trecho foi revelado ontem pelo ‘Jornal Hoje’, da TV Globo. Renan é alvo de ao menos 12 inquéritos no STF pela Lava Jato, e Machado também é alvo de investigações na Corte. Temendo que seu caso fosse enviado para a primeira instância, ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o ex-presidente da Transpetro acabou aceitando fazer delação premiada e entregar os áudios e contar o que sabe.

Uma de suas conversas gravadas com políticos já levou à queda de Romero Jucá (PMDB), do Ministério do Planejamento. No diálogo revelado segunda-feira, o senador aparece discutindo propostas para “estancar” a Lava Jato com a saída de Dilma e a chegada de Temer à Presidência.
Em outro trecho, Renan indica ao ex-presidente José Sarney o advogado Eduardo Ferrão para tentar influenciar o ministro Teori Zavascki a barrar a Lava Jato. Ferrão entraria como substituto do ex-ministro do Supremo Tribunal de Justiça Cesar Asfor Rocha na tarefa de tentar convencer Zavascki a por fim na Lava Jato e evitar que Moro mandasse Machado para a cadeia.

Na conversa ente os três, gravada no dia 10 de março, Sarney diz: “O Renan me fez umalembrança que pode substituir o César. O Ferrão é muito amigo do Teori.”

Trecho mostra que houve tentativa de mudar a lei para prejudicar a Lava Jato. Machado sugere: “É a aprovação do projeto de leniência na Câmara o mais rápido possível porque aí livra criminal, livra tudo.” Sarney reponde: “Tem que lembrar o Renan disso.”

Os dois se referiam à Medida Provisória sobre acordo de leniência editada por Dilma para facilitar as empresas envolvidas na Lava Jato que admitirem culpa voltar a fazer negócios com o setor público. A MP foi substituída por um projeto de Lei mais rígido.


CONFIRA TRECHOS DA GRAVAÇÃO

Em conversa divulgada ontem no ‘Jornal Hoje’, da Globo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, desancam o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Machado: Esse Janot, Renan, é o maior mau-caráter da face da terra.
Renan: Mau caráter! Mau-caráter! E faz tudo que a força-tarefa (Lava Jato) quer.

Machado: É, ele não manda. E ele é mau caráter. E ele quer sair como herói. E tem que se encontrar uma fórmula de dar um chega pra lá nessa negociação ampla pra poder segurar esse pessoal (Lava Jato). Eles estão se achando o dono do mundo.
Renan: Dono do mundo.

No diálogo revelado ontem pela repórter Camila Bonfim, da TV Globo, Sérgio Machado também cita vários outros políticos e critica nomes do DEM, como o deputado líder do partido na Câmara, Pauderney Avelino (AM) e o agora ministro da Educação de Temer, deputado Mendonça Filho (PE), chamados de corruptos na conversa.

Machado: O Aécio é vulnerabilíssimo. Há muito tempo! Como é que você tem cara de pau, Renan, aquele cara, Pauderney (Avelino, líder do DEM na Câmara), que agora virou herói. Um cara mais corrupto que aquele não existe, Pauderney Avelino.
Renan: Pauderney Avelino, Mendoncinha (Mendonça Filho).

Machado: Mendoncinha, todo mundo, pô? Que merda é essa querer ser agora dono da verdade? O Zé (Agripino) é outro que pode ser parceiro, não é possível que ele vá fazer maluquice.
Renan: O Zé nós combinamos de botá-lo na roda. Eu disse ao Aécio e ao Serra. Que no próximo encontro que a gente tiver tem que botar o Zé Agripino e o Fernando Bezerra. Eu acho.

Fonte: O Dia

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