‘Sofri mais com a toxoplasmose do que com a dengue”, diz paciente

A empresária Nathalia Freire é uma das vítimas dos surtos da doença em São Paulo; ela perdeu 6 kg em 10 dias e acredita que pegou ao comer tabule

Deborah Giannini, do R7

O toxoplasma gondii é o protozoário que causa a toxoplasmose

O toxoplasma gondii é o protozoário que causa a toxoplasmose

“Sofri mais com a toxoplasmose do que com a dengue. É uma dor muscular e um cansaço tão grande que parecia que eu tinha corrido uma maratona”, conta a empresária Nathalia Freire, 33 anos.

Nathalia e mais dois amigos estão entre as vítimas do surtos da toxoplasmose, neste ano, na cidade de São Paulo. Eles começaram a sentir os primeiros sintomas da doença ao mesmo tempo, nove dias depois de terem almoçado juntos em um restaurante em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

“O primeiro sintoma foi febre muito alta, acima de 39ºC. Depois vieram dor nos olhos, dor no corpo e gânglios no pescoço. Fiz exames de todos os mosquitos e todos deram negativo. Até que o de toxoplasmose deu positivo”, afirma ela, que já teve dengue.

A toxoplasmose é causada por um protozoário transmitido pela ingestão de alimentos contamidados, como frutas e verduras cruas mal lavadas e carne de porco ou ovelha mal passada, segundo o infectologista Daniel Wagner Santos, da Sociedade Paulista de Infectologia.

Naquele dia, ela comeu tabule (salada árabe composta por tomate, cebola, salsa, hortelã e outras ervas), kafta (espeto de carne) e batata frita. Ela acredita que contriu a doença ao ingerir a salsa ou hortelã. “Nós não fomos em outro restaurante no período. Minha amiga é vegetariana e também se contaminou, então acreditamos que não foi por meio da carne”, diz. de 30 pessoas que comeram nesse mesmo estabelecimento contraíram toxoplasmose. “Houve dois surtos, em fevereiro e em abril”, afirma.

Na opinião dela, a maior suspeita é que os alimentos orgânicos, no caso, as verduras da horta do próprio restaurante, estejam contaminados. “Há muitos gatos andando por ali, nunca fui muito fã”, conta.

Mesmo comendo “muito pouco”, ela afirma que ficou “muito mal”. “Perdi 6 kg”. Além dos sintomas intensos, ela explica que um dos desafios da doença foi encontrar o remédio próprio para a patologia, receitado pelo médico, em falta nas farmácias. “Como é um remédio específico para toxoplasmose, ou seja, não sai muito, e muito barato, as farmácias não têm interesse em vender. Só encontrei no setor de Doença Infecto-contagiosa da prefeitura”, diz.

Segundo ela, o médico alertou que até o fim do ano não poderá engravidar por causa da doença, embora ela não tenha planos. Já curada, ela ainda faz acompanhamento em oftamologista para se certificar de que a doença não atinja os olhos – em casos mais graves pode provocar danos na retina e no nervo ótico.

A única “vantagem” em relação à dengue, segundo Nathalia, é que a toxoplasmose não provoca fotofobia. “Na dengue, não conseguia ver TV por causa da luz. Pelo menos eu consegui ver filmes enquanto me recuperava da toxoplasmose”.

Sobre os cuidados, a partir de agora, com a alimentação, Nathalia diz que não se impõe restrições. “Já peguei toxoplasmose mesmo, agora tenho imunidade”.

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