789 – Idris intitula-se rei e inaugura o Estado do Marrocos

Nobre foi expulso de Bagdá, onde vivia, e fugia dos atritos entre facções muçulmanas, refugiando-se na região do Médio Atlas

 

Em 5 de fevereiro de 789, um príncipe árabe expulso de Bagdá devido a atritos com a corte palaciana tornou-se rei das tribos berberes da África do Norte. Fugia dos combates entre facções muçulmanas, e se refugiou no Médio Atlas, um maciço montanhoso que se prolonga do sudoeste ao nordeste da região. Ele era o neto de Ali e Fátima, a filha de Maomé, e intitula-se Idris I.

Esse foi o nascimento do Marrocos, o primeiro estado muçulmano a se emancipar do califado de Bagdá depois da Andaluzia. Após essa data, o país jamais perdeu totalmente sua independência, preservando até os nossos dias atuais sua identidade nacional.

Os discípulos do profeta Maomé em poucos anos haviam tomado conta da África do Norte. Porém, as tribos berberes das montanhas nunca deixaram de se revoltar contra os invasores árabes.

Idris é acolhido pela tribo berbere dos Auraba, que vive ao redor de Volubilis, Ou Alila, em bérbere. Essa era uma cidade criada pelos romanos no coração da Mauritânia Tingitana e sobre planaltos ricos em cereais. No século primeiro, o imperador romano Cláudio dividiu a Mauritânia em duas tomando como referência o rio Molucha: a Mauritânia Cesariana e a Mauritânia Tingitana.

A Tingitana foi a mais ocidental destas províncias, na região norte do atual Marrocos. Idris tornaria-se rei rejeitando a autoridade do califa de Bagdá sobre essas terras. Após três anos de reinado, seria assassinado por um agente do califa Haroun al-Rachid. Mas deixa uma mulher grávida, que dá à luz um filho que reinaria mais tarde sob o nome de Idris II.

O novo rei unifica o norte do Marrocos em torno de sua dinastia, os Idrisidas. Deixa Oualila e transfere a capital para Fez, a 60 quilômetros, na magnífica planície de Sais, ao sopé do Médio Atlas. A cidade torna-se, assim, o primeiro centro da cultura marroquina.

O reino iria defender ferozmente sua independência, não sem desenvolver relações estreitas e por vezes violentas com o emirado árabe de Córdoba, na Espanha, e, mais tarde, com as monarquias católicas da península ibérica e com a Turquia Otomana.

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