A defesa do jogador de futebol Sylvestre Pereira de Sousa apresentou à Justiça, ontem, uma declaração em que a vítima do roubo que levou o atleta à prisão, na última quinta-feira, recua no reconhecimento que havia sido feito na 42ª DP (Recreio). No documento, a jovem, que tinha 16 anos à época do crime, ocorrido em outubro de 2013, afirma ter se equivocado “em razão do nervosismo causado pela situação”.
Na ocasião, ela apontou Sylvestre como o homem que levou seu celular a partir de uma fotografia em preto e branco, desatualizada, retirada do sistema do Detran. “Após ver novas fotos do réu, tenho certeza de que não foi o mesmo que efetuou o delito apurado”, declara a jovem, acrescentando que jamais foi ouvida novamente para que pudesse reparar o equívoco.
— A Justiça brasileira atua contra os pobres. Prende para depois ver, enquanto o rico responde em liberdade — criticou o advogado do jogador, Cláudio Carvalho Cunha.
A polícia chegou a Sylvestre a partir da placa de uma kombi, que segundo a família havia sido vendida mais de dois anos antes. A versão é corroborada pelo comprador, que também emitiu uma declaração em que aponta o próprio sobrinho como o autor do roubo.
Além disso, o atleta estava atuando por um time de futebol de Juazeiro, na Bahia, na época do assalto. A defesa de Sylvestre, numa tentativa de reverter a prisão preventiva que já havia sido decretada, apresentou ainda uma declaração do presidente da Sociedade Desportiva Juazeirense — nas palavras do dirigente, na data do crime o jogador “se encontrava no estado da Bahia, exercendo seu labor”.
Mesmo assim, Sylvestre, de 31 anos, acabou encarcerado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. E já são cinco dias atrás das grades.
Pedidos negados
Cláudio Carvalho Cunha só assumiu o caso de Sylvestre após a decretação da prisão, em julho do ano passado. Até o jogador ser encarcerado, duas revogações e dois pedidos de habeas corpus foram negados.
Prisão revogada
Antes, o atleta era defendido por uma advogada que, em um primeiro momento, chegou a conseguir a revogação da prisão. O juiz voltou atrás na decisão após notar que o reconhecimento feito pela vítima não constava no pedido feito pela defesa.
Juiz não comenta
Procurado, o Tribunal de Justiça informou que “os magistrados não comentam processos em curso”. A Polícia Civil, por sua vez, afirmou que, durante as investigações, surgiram indícios que apontaram Sylvestre como autor do roubo. “A prisão foi solicitada à Justiça, que concordou com a necessidade da medida”, diz a nota.
Carreira
Além da passagem pelo Juazeirense, Sylvestre atuou pelo Olaria no Campeonato Carioca do ano passado e no futebol de 7 do Madureira.
Fonte: Extra