Amazona favorita ao título dirige o próprio caminhão

Bela e vaidosa, Fatiana Ferreira afirma que já teve de manobrar caminhão para um rapaz: ‘Os homens ficam com medo quando me veem dirigindo’

Olhos claros, sorriso fácil, cabelos bem cuidados e chapéu sempre alinhado. A primeira impressão ao conversar com a amazona Fatiana Ferreira, uma das favoritas ao título internacional dos Três Tambores de Barretos, é de que estamos diante de uma menina simples, frágil e delicada.
A primeira impressão, errônea e que não fica, vai se perdendo aos poucos diante das próprias convicções da competidora de União Paulista, cidade localizada a 505 km de São Paulo. Ela renega ser do “sexo frágil” e defende as mulheres quando o assunto é habilidade no volante.

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Competindo desde os 14 anos, Fatiana Ferreira, hoje com 28, dirige seu próprio trailer para competir nos mais diversos cantos do Brasil, e dispensa a ajuda masculina. A autonomia dentro do caminhão, inclusive, a distanciou dos mais assanhados, que se assustam quando percebem que é ela quem está no volante.

– Quando eles me veem dirigindo, ficam até com medo. Dá para perceber que eles se perguntam ‘como essa moça consegue dirigir uma caminhonete desse tamanho?’. Posso dizer que eu dirijo melhor do que muitos deles – brincou Fatiana Ferreira, que já precisou ajudar um rapaz a manobrar um caminhão.

– Fiquei olhando. Ele não conseguia estacionar o caminhão, então, tive de ajudar. Pedi para ele descer e peguei o volante. Para mim é normal, já que muitas vezes a gente é obrigada a estacionar o trailer em lugares complicados. Isso assusta os homens – comentou Fatiana, que precisa controlar o assédio dos mais atirados, já que ela namora há cinco anos e muitas vezes precisa viajar sozinha.

Às vezes, as pessoas chegam, fazem elogios, mas nunca fui desrespeitada, nunca tentaram me agarrar, por exemplo. Acho que não dou liberdade – diz Fatiana, que nunca recebeu convites para ensaios sensuais. E mesmo que os receba um dia, a resposta já está pronta:

– Jamais. Se você der liberdade, as pessoas abusam. Não tenho preconceitos, nada contra, e até acho que a Keyla foi bastante corajosa. Mas eu não me sentiria bem se encontrasse uma foto minha dentro de uma borracharia – declarou Fatiana, referindo-se à colega amazona que foi capa de Playboy.

Título em jogo

Fatiana Ferreira entra na Arena de Barretos nesta quinta-feira em busca de um título inédito na sua carreira. Apesar de ganhar diversas competições, mais de 15 motos e diversos prêmios em dinheiro, a “amazona caminhoneira” nunca ganhou a competição internacional de Barretos, sonho de toda e qualquer atleta.

– Ganhar em Barretos é diferente de tudo. É uma competição bastante difícil, com algumas complicações que as pessoas nem percebem. A terra da arena acaba ficando muito fofa conforme as competidoras vão passando. O segundo tambor fica muito próximo da grade. É bastante difícil. Depende muito do animal, da condição da arena – comentou Fatiana, que fez o melhor tempo da etapa Barretos da ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores – na última quinta-feira. Na prova, a amazona tem de contornar os três tambores no menor tempo possível.

Classificada para a final da etapa Barretos da ANTT com o segundo melhor tempo, Fatiana derrapou no primeiro tambor na decisão, e acabou ficando com na terceira colocação.

Segundo a amazona, um dos fatores que ainda trazem alguma dificuldade é o fato de sua relação com o cavalo Exclusive Moon ser bastante recente. Juntos desde outubro do ano passado, os dois participaram de cinco competições apenas.

– Isso faz uma diferença muito grande. Na prova dos três tambores, é preciso ter uma sincronia muito grande. Ainda não tenho conjunto, apesar de treinar todos os dias com ele. Nosso bom resultado aqui em Barretos foi graças à dedicação de todos da equipe.

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